No primeiro dia de visita à Terra Santa, o Papa Bento XVI defendeu hoje (11) em Jerusalém a criação de um Estado para o povo palestino e “suplicou” a todas as partes envolvidas para que busquem uma solução justa, “para que os dois povos (Israel e Palestina) possam viver em paz em sua pátria, com fronteiras seguras e internacionalmente reconhecidas”.
O pontífice afirmou que, há dezenas de anos, a paz “tragicamente” não chegou à Terra Santa e que as esperanças de inúmeros homens, mulheres e crianças por um futuro mais seguro “dependem do sucesso das negociações de paz entre os israelenses e palestinos”. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que estava na recepção ao papa, se nega a apoiar publicamente uma solução de dois Estados. Nenhuma das autoridades israelenses comentou a afirmação de Bento XVI, que já havia defendido a criação de um Estado palestino anteriormente.
O presidente israelense, Shimon Peres, exaltou as palavras do papa e sublinhou a importância de líderes espirituais em processos diplomáticos e políticos. “Líderes como o papa Bento XVI podem pavimentar os caminhos para os políticos. Podem retirar as minas terrestres que obstruem a paz. Eles diminuem a animosidade, para que os líderes políticos não recorram a meios violentos e destrutivos”.
Durante a visita de cinco dias – que inclui uma passagem pela Cisjordânia na quarta-feira (13) –, o papa visitará alguns locais sagrados de Israel e dos territórios palestinos.
Bento XVI cumprimenta o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, observado pelo presidente de Israel, Shimon Peres – EFE/ Avi Ohayon
Juventude hitlerista
Já em seu primeiro discurso, ainda no aeroporto internacional de Tel Aviv, o pontífice lembrou os judeus mortos durante a Segunda Guerra Mundial. “Tragicamente, o povo judeu experimentou as terríveis circunstâncias das ideologias que negam a dignidade fundamental de cada pessoa humana”, disse. “Terei a oportunidade de honrar a memória dos 6 milhões de judeus vítimas da Shoah, e de rezar para que a humanidade nunca mais testemunhe um crime de tal magnitude”, disse o papa, usando a palavra hebraica para o Holocausto.
A visita gerou uma grande controvérsia em setores conservadores do judaísmo em Israel, pois o papa passou algum tempo na Juventude Hitlerista (iniciativa nazista para treinar jovens alemães) quando adolescente, em 1941. Bento XVI já disse que foi obrigado a integrar o grupo. O papa também foi criticado no início do ano após revogar a excomunhão de um bispo ultraconservador que negou a existência do Holocausto.
Papa participa de cerimônia em Jerusalém com sobreviventes do Holocausto – EFE/ Jim Hollander
ONU
No mesmo dia da visita do papa a Israel, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) pediu a israelenses e palestinos que busquem a paz duradoura, com a coexistência de dois estados. A declaração foi adotada por unanimidade após uma reunião liderada pelo ministro de Assuntos Exteriores russo, Serguei Lavrov, atual presidente rotativo do principal órgão da ONU.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu para que as duas partes empreendam “um esforço irreversível” para pôr fim a este longo conflito. Ban considerou como “inaceitáveis” a ampliação dos assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada, a demolição de casas palestinas em Jerusalém Oriental, os “opressivos” controles militares, assim como o isolamento dos 1,4 milhão de habitantes de Gaza.
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