Milhares de palestinos indignados participam nesta segunda-feira (25/02), em Hebron, do enterro de Arafat Yaradat, cuja morte em uma prisão israelense no sábado (23) desencadeou uma onda de protestos por toda a Cisjordânia.
O clima de indignação e ódio pelas ruas da cidade levou às ruas não só a população de Sair, onde Yaradat vivia, mas também moradores de cidades vizinhas que o conheciam ou que simplesmente querem expressar sua indignação para com Israel.
“Mataram-no em cinco dias, o sequestraram para sempre. Meu amor, meu amor… meu irmão!”, dizia entre soluços Sabriye Fruj, sentada ao lado do corpo em um sofá, amparada por seu marido e por outros membros da família.
Yaradat, detido por atirar pedras, morreu na prisão israelense de Meguidó, na baixa Galileia, do que o Serviço de Prisões qualificou de princípio de infarto.
A autópsia, realizada no Instituto Legista de Abu Kabir, em Tel Aviv, sob a supervisão de um médico palestino, só colocou mais lenha na fogueira.
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Segundo o médico Saber Al Aloul, diretor do Instituto Palestino de Medicina Legista e professor da Universidade Al Quds, o cadáver apresentava hematomas e duas fraturas nas costelas que indicam que Yaradat foi torturado por Israel.
Por sua vez, os dois médicos israelenses que coordenaram o procedimento asseguram que os indícios não são conclusivos porque os machucados e as fraturas das costelas podem ter sido causadas durante as tentativas de reanimação.
Um comunicado do Ministério da Saúde de Israel pedia ontem à noite para esperar os resultados dos exames toxicológicos e microscópicos para estabelecer as razões da morte.
“Isso não é só um crime, é um grande assassinato”, disse uma prima do morto, que relatou que “a prisão de Meguidó é conhecida por suas torturas”.
Segundo a fonte, quando os soldados o prenderam na semana passada em sua casa em uma batida noturna, disseram à família: “Despeçam-se dele porque não vão voltar a vê-lo”.
Centenas de palestinos em cima de telhados e varandas seguiam a procissão fúnebre em Sair, liderada por um primeiro grupo de homens e um segundo de mulheres e meninas que levavam uma fotografia do morto coberta com flores.
O corpo ficou exposto esta manhã em uma sala próxima ao posto de gasolina onde trabalhava Yaradat.
Cinco milicianos com o rosto coberto pela tradicional kafiah palestina davam de tempos em tempos tiros para o alto, em protesto que não reduziu os repetidos gritos de “Asa Akbar” (Alá é grande”).
As lojas do povoado estavam fechadas em sinal de luto e várias bandeiras palestinas e das distintas facções foram expostas por suas ruas.