Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira (31/08) que o momento não é de “adeus”, em referência a seu afastamento definitivo da Presidência da República, aprovado nesta tarde pelo Senado. Em seu primeiro pronunciamento após a votação, a ex-mandatária afirmou que “esta história não acaba assim”.
A decisão tomada pelos senadores nesta quarta “entra para a história das grandes injustiças”, disse a ex-mandatária, que afirmou que os parlamentares que votaram a favor de seu impeachment “escolheram rasgar a Constituição Federal”.
Em seu discurso, Dilma voltou a afirmar que é inocente dos crimes de responsabilidade que lhe imputaram e que levaram à perda de seu mandato.
Roberto Stuckert Filho / PR
A presidente destituída Dilma Rousseff fala após aprovação do impeachment
“Saio da Presidência como entrei: sem ter incorrido em qualquer ato ilícito; sem ter traído qualquer de meus compromissos; com dignidade e carregando no peito o mesmo amor e admiração pelas brasileiras e brasileiros e a mesma vontade de continuar lutando pelo Brasil.”
Dilma declarou também que, com seu afastamento do cargo, “políticos que buscam desesperadamente escapar do braço da Justiça tomarão o poder unidos aos derrotados nas últimas quatro eleições”, que não alcançaram a Presidência pelo voto direto. “Apropriam-se do poder por meio de um golpe de Estado”, afirmou.
“Causa espanto que a maior ação contra a corrupção da nossa história, propiciada por ações desenvolvidas e leis criadas a partir de 2003 e aprofundadas em meu governo, leve justamente ao poder um grupo de corruptos investigados”, disse Dilma em relação à Operação Lava Jato e às repetidas delações que implicam nomes do atual governo em esquemas de corrupção.
A ex-presidente prometeu também que “haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer”, disse.
Parafraseando o antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro, Dilma disse também que “não gostaria de estar no lugar dos que se julgam vencedores”.
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Dilma agradeceu também o apoio que recebeu de mulheres e pediu que “acreditem que podem”.
“As futuras gerações de brasileiras saberão que, na primeira vez que uma mulher assumiu a Presidência do Brasil, a machismo e a misoginia mostraram suas feias faces”, disse a presidente.
“Abrimos um caminho de mão única em direção à igualdade de gênero. Nada nos fará recuar”, acrescentou.
“Não direi adeus; tenho certeza de que posso dizer 'até daqui a pouco'”, acrescentou.
O Senado Federal aprovou nesta quarta-feira (31/08) o afastamento definitivo de Dilma Rousseff da Presidência da República. Com a decisão, tomada com 61 votos a favor, 20 contra e nenhuma abstenção, assume definitivamente o cargo o até então interino, Michel Temer.
Os senadores também decidiram, em votação separada, que Dilma manterá os direitos políticos por oito anos. Assim, ela poderá assumir cargos no serviço público – como por exemplo, o de professora em uma universidade federal – por este período. A votação teve 42 votos a favor, 36 contra e 3 se abstiveram, mas eram necessários 54 votos para provocar a perda.