Uma juíza do Estado da Pensilvânia, nos EUA, decidiu nesta terça-feira (24/05) que o comediante norte-americano Bill Cosby irá a julgamento sob a acusação de agressão sexual grave por ter supostamente drogado e violentado uma mulher em 2004. Ele pode ser condenado a até 10 anos de prisão ao fim do processo, que será retomado no dia 20 de julho.
A decisão foi tomada pela juíza Elizabeth McHugh durante uma audiência preliminar que avaliou a consistência do caso para determinar se o comediante iria a julgamento ou não. Segundo a acusação, Cosby drogou e abusou sexualmente de Andrea Constand, uma funcionária da Universidade de Temple, em janeiro de 2004.
Agência Efe
Em audiência preliminar nesta terça (24/05), juíza decidiu que caso de Bill Cosby irá a julgamento
“Eu disse a ele, ‘eu mal consigo falar, senhor Cosby’. Comecei a entrar em pânico”, contou ela à polícia em relatório de 2005. Constand não compareceu à audiência por autorização da juíza McHugh, mas teve seu depoimento lido para os presentes.
Os advogados do comediante protestaram contra a ausência de Constand, pois, segundo eles, implicaria em tomar como totalmente verdadeiro seu depoimento à polícia.
Cosby alegou desde que o caso veio à tona, em 2015, que a relação sexual com Constand foi consensual, mas em conversa com a advogada Dolores Troiani, em 2005 e 2006, ele admitiu não ter pedido verbalmente permissão para tocá-la. “Eu não pedi. A ação era minha mão na barriga dela… Eu não a ouvi dizer nada e não senti como se ela quisesse dizer algo. Então eu continuei e fui para a área que está entre a permissão e a rejeição e não fui impedido”, disse ele.
Na mesma ocasião, o comediante afirmou ter dado comprimidos para “relaxar” Constand durante o encontro de ambos. Ele também já disse ter tido relações sexuais com pelo menos duas jovens de 19 anos.
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Constand levou o caso à polícia na época, mas a investigação foi concluída sem que a polícia encontrasse provas suficientes e a promotoria da cidade decidiu não acusar Cosby. No entanto, ao longo de 2015 a imprensa dos EUA passou a dar mais atenção às dezenas de mulheres que acusavam o comediante de ter agido com elas assim como relatou Constand. Muitos dos casos, porém, já tinham prescrito de acordo com a legislação dos Estados da Califórnia e da Pensilvânia e não podiam mais ser processados criminalmente.
A divulgação de um depoimento do comediante durante um processo civil em julho de 2015 em que ele admite ter drogado mulheres com quem ele tinha intenção de fazer sexo – apesar de reiterar que as interações sexuais foram consensuais – levou a promotoria da Filadélfia a rever a decisão de não acusar Cosby. Ele foi acusado apenas dias antes que este caso específico prescrevesse.
Segundo o Estado da Pensilvânia, vítimas de abusos sexuais que não tenham resultado em acusação formal podem testemunhar em casos que envolvam seus supostos perpetradores, o que abre caminho para que dezenas de mulheres cujas acusações já prescreveram testemunhem contra Cosby durante o julgamento do caso que envolve Constand.