O artigo que analisa a forma como o surto do ebola vem sendo tratado no ocidente, relacionando-o a um “racismo institucional” e o desaparecimento de centenas de pessoas com suspeita de estarem contaminadas pelo vírus na Libéria foram os principais destaques da semana em Opera Mundi.
“A tardia preocupação com o ebola foi também a tardia preocupação com o HIV”, observa Luka Franca. A análise aponta que, no Brasil, “africanos e haitianos tem sido estigmatizados como possíveis portadores do ebola, o que apenas coroa esse processo todo de racismo existente no mundo. Inclusive porque tomar medidas preventivas nos países mais centrais, sem resolver realmente o drama existente junto ao marginalizados na África, só coroará ainda mais uma perspectiva racista e genocida de tratar aquele continente”.
Carlos Latuff/Opera Mundi
Outro assunto que chamou a atenção nesta semana foi o fato de que centenas de pessoas com suspeita de estarem contaminadas pelo vírus ebola desapareceram dos registros de hospitais na Libéria. Há ainda casos em que os hospitais não sabem se o paciente deu entrada nos leitos e em que vítimas fatais são cremadas sem aviso aos familiares.
O Mali é o sexto país da África Ocidental a ser afetado pelo ebola. Autoridades do país confirmaram que uma menina de dois anos foi diagnosticada com o vírus. Na Europa, a única paciente com a doença na Espanha, a auxiliar de enfermagem Teresa Romero, superou a enfermidade, o que foi confirmado após dois exames darem negativo. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), mais de um milhão de doses de vacina contra o ebola serão produzidas até o fim de 2015 e “centenas de milhares” já serão fabricadas na primeira metade do ano que vem. Testes começarão a ser feitos em dezembro nos países mais afetados pelo surto.
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A crise da água não afeta somente o estado de São Paulo. Nos EUA, a cidade de Detroit discute a possibilidade de tomar medidas drásticas contra os usuários que não estão em dia com a conta d’água: como forma de pressão, o departamento está ameaçando fechar o registro e deixar secarem as torneiras dos cidadãos inadimplentes. Para a ONU, “o fato de, no país mais rico de todos, as pessoas estarem sem água, é uma violação dos direitos humanos”.
Outro assunto de relevância é o estudo feito em mananciais pelo Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas (INCTAA), da Unicamp, que concluiu que a água envasada vendida em garrafas plásticas não é mais segura do que a oferecida nas torneiras. Isso porque embalagens de plástico liberam ativos químicos com propriedades similares a substâncias (presentes em mananciais brasileiros) que interferem na produção de hormônios em seres humanos .
Agência Efe
Manifestantes se organizam em diversas cidades do México para pedir que jovens sejam localizados
Ainda na América Latina, no Chile, começou o trâmite do projeto mais importante impulsionado pela presidente Michelle Bachelet: a reforma educacional, que pretende reestruturar o sistema de ensino público do país. O governismo conseguiu uma importante vitória sobre o tema na Câmara dos Deputados. Também no país, a partir de 2015, será distribuída obra “Nicolás Tiene Dos Papás”, patrocinada pelo governo e que aborda a história de um garoto que vive em uma família formada por um casal homossexual.
No México, o desaparecimento dos 43 estudantes no município de Iguala, estado de Guerrero, ganhou novos contornos após a descoberta de que o prefeito da cidade, José Luis Abarca Velázquez, e a primeira-dama, María de los Ángeles Pineda Villa, eram os principais operadores do grupo narcotraficante Guerreros Unidos. Além disso, Velázquez foi um dos “autores intelectuais” da ação contra os estudantes. Após o aumento dos protestos que pedem a localização dos jovens e a renúncia do governador de Guerrero, Ángel Aguirre, o político deixou o cargo para “favorecer um clima político que permita resolver a situação de emergência”.