Dias após o governo do Haiti declarar que permitiria seu retorno, o ex-presidente Jean Bertrand-Aristide afirmou que está voltando ao país e que está disposto a trabalhar para mudar a situação dos haitianos.
O anúncio foi feito por meio de um artigo escrito por ele, publicado na edição desta sexta-feira (4/2) do jornal britânico Guardian.
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“Eu vou voltar ao Haiti para a área que eu melhor conheço e de que mais gosto: educação. Nós apenas concordamos com as palavras do incrível Nelson Mandela, que de fato a educação é a melhor arma para mudar o mundo”, escreveu Aristide, exilado na África do Sul desde 2004.
No texto, chamado On my return to Haiti … (Em meu retorno ao Haiti), ele faz também uma extensa análise da atual situação do país, devastado após o terremoto de 12 de janeiro de 2009, e destaca a resistência das mulheres por protegerem seus filhos. Por meio de números, ele defende a educação como modo de melhorar aquela sociedade.
Efe
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No mês passado, Aristide manifestou desejo de voltar ao Haiti. No entanto, o governo se negava a renovar o visto de seu passaporte, até que na última segunda-feira (31/1) informou que está emitindo um passaporte diplomático para o ex-presidente.
A manifestação de Aristide ocorre menos de um mês após o ex-ditador haitiano Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, chegar inesperadamente ao país. Exilado havia 25 anos na França, foi criticado por grupos de defesa de direitos humanos que exigiam sua condenação pelos crimes cometidos durante seu governo (1971-1986). Atualmente, ele está sendo processado, impedido de deixar o país e seus bens foram bloqueados.
Governo Aristide
Em 1990, quatro anos após a queda da ditadura do Baby Doc foram realizadas eleições livres. Ex-padre católico salesiano e com uma campanha eleitoral que defendia um programa de governo popular, Aristide foi eleito presidente com 70% dos votos.
No início de sua vida política, quando dirigia paróquias nos subúrbios da capital Porto Príncipe, tornou-se umas das figuras de destaque da luta contra a ditadura dos Duvalier.
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Seu mandato, entretanto, durou pouco; em setembro de 1991, ele foi deposto sob acusações de corrupção, arbitrariedades e violências pelo general Raoul Cédras, dando o início a mais um regime ditatorial militar de direita.
Após três anos vivendo no exílio, Aristide voltou ao país com apoio dos Estados Unidos em 15 de outubro de 1994 para terminar seu mandato. No dia 7 de fevereiro de 1996, René Gacia Préval, eleito por voto direto, iniciou seu governo, permanecendo no poder até 7 de fevereiro de 2001.
Quem o sucedeu foi, novamente, Jean-Bertrand Aristide. Este, ao assumir, adotou uma política externa de aproximação de governantes de esquerda, como o presidente venezuelano Hugo Chávez e o cubano Fidel Castro.
Em 2004, Aristide deixou o cargo, deposto novamente por um golpe militar, liderado pelos mesmos que haviam tomado o poder em 1991. Segundo Aristide, sua oposição, com respaldo dos Estados Unidos, o seqüestrou e o exilou, obrigando-o a renunciar.
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