Após vencer dois assentos no Parlamento Europeu com 6% dos votos nas eleições européias da semana passada e ser atingido, poucos dias depois, por ovos na frente de Westminster por dezenas de demonstradores, Nick Griffin – o líder do BNP (Partido Nacional da Grã-Bretanha), de extrema direita – congratulou a si mesmo pelos resultados de sua sigla, chamando os ganhos de uma “primeira brecha na represa”, e um momento “histórico”.
Nick Griffin concede coletiva de imprensa em Manchester, Inglaterra – Lindsey Parnaby/EFE – (10/06/2009)
Até agora o BNP, que só permite que brancos se unam às suas fileiras e exige um fim imediato da imigração, só havia ganho 0,7% dos votos nas eleições gerais de 2005 e conseguido vitórias em algumas eleições locais menores, à exceção do ano passado, quando conseguiram um assento na assembléia local de Londres.
Mas agora Griffin, 50 anos, e seu colega Andrew Brons, 61 anos, que quando adolescente se uniu ao Movimento Nacional Socialista fundado em honra a Hitler (embora agora ele diga se arrepender dessa decisão), estarão a caminho de Bruxelas, se unindo a outros partidos de extrema direita na Europa que conseguiram ganhos assustadoramente similares.
Começando como um pequeno grupo nos anos 1980, Griffin conseguiu dar ao BNP um verniz de respeitabilidade, com os representantes sendo obrigados a usar terno e gravata. Para seu pôster de campanha o BNP até mesmo usou a imagem de um Spitfire, o icônico avião de batalha, peça-chave para repelir uma invasão nazista ao Reino Unido.
Nicho eleitoral
Analistas dizem que o sucesso do BNP está em ter conseguido tirar vantagem da insatisfação dos eleitores simpáticos ao Partido Trabalhista, ainda tremendo com a crise econômica e com raiva da elite política e do escândalo dos gastos ministeriais. Esse sentimento de frustração é especialmente sentido em áreas da classe trabalhadora, onde muitos britânicos acreditam ter suas chances de emprego roubadas por “imigrantes” – um sentimento que até mesmo o primeiro-ministro Gordon Brown tentou capturar quando pediu por “empregos britânicos para trabalhadores britânicos”.
Apesar de tudo isso, Wyn Grant, especialista em política da Universidade de Warwick, disse ao Opera Mundi que o crescimento do BNP é preocupante, mas não alarmante. “Eles tiraram vantagem do sistema de voto europeu de representatividade proporcional e da raiva dos apoiadores dos Trabalhistas, mas eles não conseguirão os mesmos resultados nas eleições gerais do Reino Unido (esperadas para o ano que vem) com o seu sistema de o-primeiro-a-passar-a-porteira”.
Esta opinião é compartilhada por escritores proeminentes como Michael Burleigh, autor de um livro sobre o Terceiro Reich, que escreveu para um jornal britânico que “isto não é uma reprise dos anos 1930”.
Muitos especialistas, entretanto, avisam sobre o perigo de outros partidos bem sucedidos de extrema direita no leste europeu e nos países bálticos onde, como disse Burleigh, “partidos podem vir de lugar nenhum e conseguir poder”.
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