Parentes e amigos de Jean Charles de Menezes lembraram hoje (22) os quatro anos da morte do brasileiro em Londres e disseram confiar que a pressão pública ajudará a construir um monumento em memória do jovem.
Os familiares inauguraram na estação de Stockwell, no sul de Londres, um mosaico com uma foto do eletricista brasileiro, morto a tiros em 22 de julho de 2005 por policiais que o confundiram com um terrorista.
Andy Rain/EFE
Desde então, amigos levaram flores e velas até um pequeno espaço em Stockwell reservado para manter viva a lembrança de Jean Charles, mas a família quer algo permanente.
Vivian Figueiredo, prima do jovem, disse hoje à imprensa que ainda não tiveram uma resposta da Transportes para Londres (TFL, em inglês), responsável pela rede de transporte desta capital, desde que falaram, há um ano, sobre os planos da família.
“É incrível que já tenham passado quatro anos. Achamos que deveria haver algo permanente”, disse Vivian à agência Efe.
Segundo a família, hoje foi lançado através de internet um pedido, com o nome “Never Forget” (Nunca esqueça), para que as pessoas o assinem e apoiem o monumento.
Assad Rehman, amigo da família, afirmou que este pedido representa o próximo passo da campanha para que o jovem eletricista seja lembrado na capital britânica.
“É um monumento não só para lembrar Jean, mas um testamento da luta das pessoas em Londres, a luta pela verdade e pela justiça”, acrescentou Rehman.
Histórico
Jean Charles, um eletricista de 27 anos, recebeu oito tiros (sete na cabeça e um no ombro) disparados por agentes da brigada antiterrorista da Scotland Yard.
O jovem foi confundido com um dos autores dos atentados fracassados do dia anterior, que pretendiam imitar os ataques de 7 de julho de 2005 na capital britânica, nos quais 56 pessoas morreram, entre elas os quatro terroristas suicidas.
Em 2007, a Polícia Metropolitana foi declarada culpada de violar a Lei de Saúde e Segurança no Trabalho do Reino Unido, que obriga as forças da ordem a garantir a segurança tanto dos agentes quanto de outras pessoas, mas não foi processado nenhum agente em particular.
Em dezembro de 2008, foi instalado um inquérito público judicial sobre a morte do brasileiro. Foram ouvidas quase 70 testemunhas, 40 delas policiais.
O inquérito, semelhante ao que foi realizado para esclarecer a morte da princesa Diana, não constituía um julgamento comum, já que não era um processo e, portanto, não podia condenar ninguém.
Este tipo de “investigação pública” – um procedimento jurídico específico da Inglaterra e de Gales- tem como objetivo determinar as causas de uma morte em circunstâncias violentas ou não explicadas.
Embora não resultem em uma condenação judicial, as conclusões do júri poderiam servir de base para outros passos legais, como reclamar que os culpados prestem contas ante à justiça se o júri tiver concluído que a morte foi um assassinato.
O inquérito terminou em 12 de dezembro de 2008, com um veredicto 'aberto'. Em outras palavras, o júri concluiu não ter certeza sobre as circunstâncias da morte de Jean Charles.
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