O ministro das Relações Exteriores francês, Alain Juppé, culpou nesta quarta-feira (06/04) a presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, pelo fracasso nas negociações para sua rendição, enquanto os tiroteios em Abidjan cessaram após um dia de combates.
O chefe da diplomacia francesa afirmou em Paris diante dos deputados de seu país que “as negociações que se desenvolveram durante horas ontem entre o entorno de Laurent Gbagbo e as autoridades marfinenses fracassaram pela intransigência de Gbagbo” e que por isso foram interrompidas.
Juppé assinalou que após a ruptura do diálogo “a voz voltou às armas” e que as forças do presidente eleito da Costa do Marfim, Alassane Ouattara tentaram assaltar a residência presidencial na qual Gbagbo se refugia.
Leia mais:
TPI pretende investigar assassinatos na Costa do Marfim
Conselheiro de Gbagbo acusa França e ONU de atacarem residência do líder
Forças de Ouattara invadem palácio presidencial na Costa do Marfim à procura de Gbagbo
Gbagbo nega-se a reconhecer Ouattara como presidente
ONU anuncia que forças leais a presidente marfinense se renderam
Costa do Marfim: Gbagbo pede cessar fogo e negocia rendição
França aumenta para 1.650 número de militares na Costa do Marfim
Forças de Outtara ameaçam com ofensiva a principal cidade da Costa do Marfim
Grupos rivais disputam controle do palácio presidencial na Costa do Marfim
Milhares de marfinenses fogem para Gana, entre eles dezenas de militares
Tropas fiéis a Gbagbo e defensores de Ouattara lutam pelo controle de Abidjan
Ele precisou que esta ofensiva não conta com a participação da Onuci (forças da ONU no país) nem com o Licorne (contingente francês), que nos últimos dias bombardearam as tropas de Gbagbo.
O ministro francês assegurou que as conversas dos últimos dias foram organizadas pelo representante da ONU na Costa do Marfim com o apoio do embaixador francês, mas que foi Ouattara quem fixou as condições da rendição.
“As condições fixadas por Ouattara são claras: exige que Laurent Gbagbo aceite sua derrota e reconheça a vitória do presidente legitimamente eleito”, afirmou.
As forças de Ouattara atacaram nesta quarta-feira a residência de Gbagbo, disse a porta-voz do presidente eleito, Affoussy Bamba, ao canal de televisão France 24.
No entanto, os disparos de artilharia que podiam ser ouvidos desde a manhã desta quarta-feira nos arredores da residência de Gbagbo, cessaram de tarde, e os moradores de Abidjan aproveitaram a breve calma para comprar mantimentos.
Conflitos
As detonações, que começaram por volta das 3h (horário de Brasília) eram ouvidas nas proximidades da residência de Gbagbo, no bairro de Cocody, confirmaram à agência de notícias Efe moradores da região.
Esta última ofensiva contra o bunker no qual se encontra Gbagbo com vários de seus aliados foi realizada pela FRCI (Forças Republicanas da Costa do Marfim), que apoiam Ouattara, considerado o presidente eleito pela comunidade internacional no pleito de novembro.
A porta-voz de Ouattara assegurou que as FRCI tinham atacado a residência de Gbagbo para capturá-lo e julgá-lo, após constatar que as negociações para conseguir sua rendição não surtiram efeito.
Reabastecimento
Apesar da tensa situação em Abidjan e das advertências de vários porta-vozes de Ouattara, muitos habitantes da capital econômica do país decidiram desafiar nesta quarta-feira a insegurança da cidade para ir em busca de alimentos, água e remédios.
Em alguns distritos, comerciantes foram a seus estabelecimentos para vender produtos básicos, cujos preços triplicaram, enquanto era possível observar longas filas de pessoas diante das poucas farmácias de Abidjan que estavam abertas.
No entanto, a situação dos moradores de Abidjan é cada vez mais insustentável, especialmente pela falta de informação sobre os combates entre os grupos de Ouattara e Gbagbo.
Há uma semana nenhum jornal é vendido nas ruas, pois os jornalistas não se sentem seguros para trabalhar. Diante dessa situação, a única informação da qual a população dispõe provém de meios de comunicação estrangeiros.
Os duros enfrentamentos de Abidjan se produzem depois que Gbagbo, apesar da forte pressão internacional, se negou durante quatro meses a entregar o poder a Ouattara, seu adversário político e que, segundo a Comissão Eleitoral Independente da Costa do Marfim, ganhou as eleições presidenciais de novembro.
Siga o Opera Mundi no Twitter
Conheça nossa página no Facebook
NULL
NULL
NULL