O ex-presidente do Peru Alberto Fujimori, 70, foi declarado culpado e senteciado a 25 anos de prisão pela sala penal especial da Corte Suprema de Justiça de Lima pela morte de 25 pessoas e sequestro de outras duas durante o seu governo (1990-2000), após um julgamento de mais de um ano. Fujimori disse ao final da leitura da sentença que irá recorrer da decisão.
Fujimori é o primeiro ex-presidente democraticamente eleito da América Latina a ser julgado e condenado em seu próprio país por violações dos direitos humanos.
Um painel formado por três juízes considerou Fujimori culpado de ter ordenado que o esquadrão militar, conhecido como Grupo Colina, matasse 25 pessoas em dois massacres realizados durante seu governo de 1990 a 2000, quando ele enfrentava a oposição de guerrilhas, e de ser o responsável pelos sequestros do jornalista Gustavo Gorriti e do empresário Samuel Dyer, mantidos reféns no porão do Serviço de Inteligência do Exército.
O primeiro episódio de violência é o de “Barrios Altos”, no dia 3 de novembro de 1991, que deixou 15 mortos, entre eles uma criança de oito anos. O segundo massacre ficou conhecido como “La Cantuta”, nome da região serrana próxima a Lima, onde em 18 de julho de 1992, nove estudantes e um professor da Universidade Nacional Enrique Guzmán y Valle foram sequestrados e mortos.
O Grupo Colina, um comando militar formado por membros do Exército e da polícia que operou no país durante o seu governo, é acusado de ter cometido os assassinatos como parte de uma operação contra supostos extremistas.
Familiares das vítimas de Barrios Altos e La Cantuta fazem vigília
Montesinos
Além de ter sido condenado a 25 anos de prisão, Fujimori terá de indenizar as vítimas dos massacres de Barrio Alto e La Cantuta. O valor estabelecido pelo juiz é de 400 mil dólares. O ex-presidente negou as acusações, e sua defesa disse que recorrerá da decisão. “Quem livrou o Peru do terrorismo e da instabilidade está no banco dos réus”, disse o ex-presidente.
Durante o julgamento, que começou em dezembro de 2007, foram realizadas 160 audiências e ouvidos os depoimentos de 90 testemunhas.
O ex-presidente continuará a enfrentar a Justiça. O próximo processo a ser julgado contra ele será por haver entregue 15 milhões de dólares a Vladimiro Montesinos, chefe do Serviço de Inteligência durante seu governo.
Confronto
Apesar da condenação, Fujimori ainda tem milhares de seguidores no Peru. Após a leitura da condenação, simpatizantes do ex-presidente, que fizeram vigília durante toda a noite de ontem (6) do lado de fora do tribunal, e um grupo de sindicalistas, se enfrentaram na rua.
Os apoiadores de Fujimori queriam impedir a aproximação do grupo, de acordo com o jornal La Republica. Um simpatizante de Fujimori foi ferido na cabeça por uma pedra jogada pelos opositores. A polícia presente na área separou os dois grupos e ficou entre eles para evitar que se enfrentem novamente.
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