A controvérsia entre o governo equatoriano e a empreiteira brasileira Odedrecht, que culminou com a suspensão do pagamento de parte da dívida do Equador com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no ano passado, deixou a instituição atenta. Segundo o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, a possibilidade de financiar futuros projetos no Equador está condicionada a uma harmonia política.
“A questão do Equador é arbitral. O BNDES se posiciona tranqüilo com relação à sua vontade de financiar projetos de infra-estrutura na América do Sul, porém, dependerá de um alinhamento das vontades políticas equatoriana e brasileira”, afirmou durante entrevista coletiva hoje (6), em São Paulo.
O impasse começou no dia 23 de setembro de 2008, quando o presidente Rafael Correa embargou os bens da construtora, suspendeu as obras e proibiu que funcionários deixassem o país, alegando falhas em obras da hidrelétrica de San Francisco. Em seguida, houve a ameaça de calote e o Brasil chegou a convocar o embaixador para consultas.
A dívida do Equador com o BNDES para a construção da hidrelétrica ultrapassa US$ 460 milhões. O valor inclui os juros cobrados sobre os US$ 242 milhões iniciais. No mês passado, o Equador pagou as parcelas atrasadas e o embaixador voltou a Quito.
Coutinho disse que a América do Sul continuará sendo um destino prioritário de investimentos, mas avaliou que a preocupação maior reside no impacto da crise em países onde o mercado interno é pequeno, que exportam commodities somente para economias desenvolvidas.
“O que nos preocupa são os efeitos da crise econômica nas nações que não possuem um sistema tão robusto como o Brasil, que tem capacidade de reação. É possível que projetos do BNDES em países assim sejam interrompidos ou comprometidos”.
O BNDES prevê um orçamento de R$ 120 bilhões para 2009. Em 2008, o banco desembolsou cerca de R$ 92 bilhões, mais de 40% acima do total de 2007.
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