Nessa semana, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, voltou a reivindicar a soberania de seu país sobre o arquipélago das Malvinas e provocou uma reação que já constava nos planos da diplomacia britânica. O que em janeiro era apenas uma provocação do primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, foi oficializado nesta terça-feira (12/06), em Port Stanley, pelo presidente da Assembleia Legislativa das ilhas, Gavin Short: os habitantes locais irão às urnas para dizer se estão satisfeitos sob o governo britânico ou se preferem que a região passe a ser controlada por Buenos Aires.
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Agência Efe
Ao lado do secretário de Estado do Reino Unido para a América Latina, Jeremy Browne, Short anunciou que o plebiscito ocorrerá “durante a primeira metade de 2013” e confirmou que a iniciativa contou com “completo apoio” do governo de David Cameron. Sinalizando que os moradores locais irão optar pela manutenção do poder britânico, deixou claro que o objetivo da convocação será “eliminar qualquer possível dúvida sobre nossos desejos”.
“Não tenho dúvidas de que as pessoas das Falklands (nome adotado pelos britânicos para as Malvinas) desejam manter a qualidade de território britânico ultramar auto-governado”, acrescentou durante a solenidade. Para Short, é “óbvio” que a população das Malvinas não possui “nenhum desejo de ser governada por Buenos Aires”. Ele também garantiu que serão convidados “observadores internacionais para constatar o processo e verificar seus resultados”.
Na próxima quinta-feira (14/06), data do aniversário de 30 anos do fim da guerra travada entre os dois países pelo controle do arquipélago, Cristina se reunirá com o Comitê de Descolonização das Nações Unidas em Nova York para defender o direito argentino de governar as Malvinas.
Por sua vez, o diplomata Jeremy Browne veio às ilhas para participar de eventos organizados para celebrar o que britânicos classificam de “liberação” do território com o fim da guerra, em 14 de junho de 1982. Em entrevista ao jornal local Penguin News, argumentou que “somente a população local pode determinar como quer ser governada” e frisou que isso deixará “uma clara mensagem à Argentina e à comunidade internacional”.
Após saber da decisão, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, afirmou em um comunicado que seu governo “respeitará e defenderá” o resultado do plebiscito, assim como disse confiar que a ONU aceitará a “decisão dos moradores da ilha sobre como querem viver”.
A tensão entre Londres e Buenos Aires se agravou em 2011 pela decisão do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) de impedir a entrada de embarcações com bandeira malvinense em seus portos. A isso, somou-se o mal-estar da Argentina pela presença do príncipe William, neto da rainha Elizabeth II, no arquipélago, para cumprir uma instrução militar. Até mesmo um moderno destróier britânico foi enviado por Londres ao Atlântico Sul.