Oficiais do governo do Iêmen negaram que o presidente, Ali Abdullah Saleh, tenha deixado o país neste sábado (04/06). Horas antes, fontes no próprio governo haviam dito à BBC que Saleh teria ido de avião para a Arábia Saudita para obter tratamento médico após um ataque ao complexo presidencial na capital, Sanaa.
Horas depois do ataque, o presidente divulgou uma mensagem em que garantia que estava bem. A mensagem, no entanto, não foi gravada em vídeo. Nela, o líder iemenita disse que foi alvo de uma “gangue fora-da-lei” e prometeu prender os responsáveis pela ação.
“Vamos encontrar os culpados mais cedo ou mais tarde, em cooperação com todos os serviços de segurança”, disse Saleh no discurso, transmitido pela TV apenas em áudio. Segundo ele, sete pessoas morreram durante a ofensiva contra o palácio presidencial.
O primeiro-ministro iemenita, Ali Mohammed al Muyawar, e os presidentes da Câmara Alta e Baixa do Parlamento, Yehia al Rai e Abdelaziz Abdelgani, respectivamente, foram transferidos na madrugada passada em avião à Arábia Saudita.
Junto a eles viajaram também o vice-primeiro-ministro para Assuntos de Defesa e de Segurança, Rashad al Alemi, e o secretário adjunto do governante Partido do Congresso Geral Popular, Sadiq Amin Abu Ras. Os cinco ficaram feridos no atentado de sábado contra o complexo presidencial em Sana, que causou ferimentos leves na cabeça do chefe de Estado.
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As autoridades iemenitas acusaram o chefe da confederação tribal dos Hached, xeque Sadek al-Ahmar, de ter bombardeado o palácio. As forças de al-Ahmar travam uma dura batalha contra as forças fiéis ao presidente. “A tribo Ahmar ultrapassou todos os limites”, disse um porta-voz do GPC, Tariq al-Shami.
Em sua mensagem, Saleh acusou os “filhos de Al Ahmar”, em referência ao xeque Sadek e seus seguidores, e chamou “as forças armadas a limpar as instituições do Estado”.
Washington
“Os Estados Unidos condenam nos termos mais fortes os atos de violência insensatos que ocorreram hoje no Iêmen, incluindo o ataque ao Palácio Presidencial em Sanaa”, indicou a Casa Branca em um comunicado.
“Pedimos a todas as partes o fim imediato das hostilidades e a implantação de um processo ordenado e pacífico de transferência de poder político como estipula o acordo” do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), acrescentou a presidência americana.
Saleh, que está no poder em Sanaa desde 1978, enfrenta um movimento de contestação sem precedentes nos últimos quatro meses. No mês passado, quando Saleh recusou-se a assinar um plano do CCG para sua renúncia em troca de imunidade, a oposição atacou prédios públicos em Sanaa, impulsionando confrontos com as tropas leais ao presidente.
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Saída de europeus
A Inglaterra intensificou os pedidos para que seus cidadãos deixem o Iêmen “imediatamente, enquanto voos comerciais ainda estão operando”, afirmou o ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, em comunicado.
A União Europeia ativou um mecanismo para retirar seus cidadãos e pediu um “cessar-fogo imediato” no Iêmen, afirmou a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.
O ataque à mesquita nesta sexta-feira ocorre enquanto os confrontos espalham-se do norte de Saaa para o sul da capital. Suhail TV, uma emissora controlada pelo xeque Hamid al-Ahmar, irmão do xeque Sadiq, disse anteriormente que Saleh tinha sido morto.
Mais tarde nesta sexta-feira, tropas iemenitas, que mobilizaram armamentos pesados em sua batalha contra as tribos oposicionistas desde terça-feira, atacaram a casa do xeque Hamid.
Bombardeios nos arredores de Hada também tinham como alvo as residências de seus dois irmãos Hemyar e Mizhij, e do dissidente general Ali Mohsen al-Ahmar.
O xeque Hamid falou à AFP por telefone e acusou Saleh de orquestrar o ataque contra a mesquita como uma “desculpa para bombardear e destruir minha casa e as casas de meus irmãos Hemyar e Mizhij e a de Ali Mohsen al-Ahmar em uma tentativa de levar o Iêmen à guerra civil”.
Mais de 60 pessoas morreram nos confrontos em Sanaa desde o início dos confrontos entre tribos Ahmar e tropas leais a Saleh, na terça-feira. No país todo, mais de 200 manifestantes foram mortos desde que os protestos começaram, de acordo com balanço feito pela AFP com base em informações de médicos.
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