O presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, anunciou nesta terça-feira (16/06) que o governo de união palestino, formado o Fatah e o Hamas, formado há um ano, renunciará ao poder no prazo de 24 horas. Sobre a questão, o Hamas afirmou que “é uma ruptura da conciliação interna e uma violação do consenso nacional”
De acordo com a BBC, Abbas afirmou que a dissolução do gabinete do Fatah — movimento político que, antes da coalizão, controlava apenas os territórios palestinos da Cisjordânia — será realizada porque o Hamas não o permitiu que operasse na Faixa de Gaza, onde tem o controle.
Agência Efe
Abbas durante exposição no Conselho Revolucionário em Ramala
Salah el-Bardawil, dirigente do Hamas em Gaza, disse à agência Efe que a decisão de “Abbas de forçar o governo de unidade a se demitir é como uma fuga”.
“É uma ruptura da reconciliação interna e uma violação do acordo de consenso nacional”, ressaltou.
De acordo com a agência de notícias palestina Ma’an, o Conselho Revolucionário do partido nacionalista Fatah fará um novo governo de unidade, com diversas facções palestinas, ao invés de continuar com os esforços para reformar o atual gabinete.
A formação do novo governo levará vários dias e tem o suporte do Conselho Revolucionário do Fatah, que apoia a designação de um vice-presidente.
O presidente palestino acrescentou ainda que levará a questão de um governo de unidade para o próximo encontro do Comitê Executivo da OLP (Organização para a Libertação da Palestina).
Coalizão
O governo de coalizão, anunciado em junho de 2014, foi apoiado pelo mundo árabe e criticado pelo governo israelense. À época, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, liderou uma campanha para pedir que a comunidade internacional não reconhecesse o novo governo e tempos depois do anúncio foi realizada a chamada Operação Margem Protetora, ou Penhasco Sólido.
Desde então, o Hamas acusou os dirigentes do Fatah de fracassar em cumprir suas promessas em Gaza, especialmente em conseguir a reconstrução do território, após a devastadora operação militar israelense, ou a suspensão do bloqueio.
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Já o Fatah acusa o Hamas de tentar criar um Estado islâmico independente em Gaza.
O acordo que estabelecia a formação de um governo interino e a realização de eleições gerais nos territórios palestinos tentava pôr fim à divisão política e administrativa entre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, de mais de sete anos.
As facções foram divididas em 2007 pelo conflito que culminou na expulsão da OLP, dominada pelo Hamas, enquanto o Fatah manteve o poder na Cisjordânia.
Após o anúncio da formação do governo de unidade, Tel Aviv suspendeu as conversas de paz que estavam sendo realizadas com os palestinos e insistiu que não negocia com o Hamas.