Com 116 votos favoráveis, o Congresso guatemalteco aceitou, nesta quinta-feira (03/09), o pedido de renúncia apresentado por Otto Pérez Molina, agora oficialmente ex-presidente da Guatemala. Com a disposição da vaga de chefe de Estado, Alejandro Maldonado —nomeado vice-presidente após a renúncia de Roxana Baldetti também por suspeitas de corrupção — foi juramentado, na tarde desta quinta, como presidente pelo Congresso.
Sessão do Congresso foi encerrada sem que o novo vice-presidente tenha sido escolhido.
Divulgação/ Twitter
Maldonado foi empossado nesta quinta
Em seu discurso de posse na tarde desta quinta, Maldonado afirmou que pedirá aos ministros e altos funcionários que coloquem à disposição seus cargos. E ressaltou que a sociedade guatemalteca poderá “recuperar a democracia com seus valores substantivos”.
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O presidente, o primeiro no país a chegar ao cargo sem um voto popular sequer, afirmou que as finanças do país estão em situação preocupantes. Segundo ele, “os recursos não são suficientes para a cobertura das necessidades de nossa sociedade que requerem atenção imediata, como saúde, educação, justiça, segurança”.
Sobre as manifestações populares vivenciadas no país nas últimas semanas, Maldonado afirmou que é preciso ter cuidado para que “a expressão de inconformidade social não seja transformada em ódio porque o ódio não é um direito”.
Agência Efe
Molina se apresentou à Justiça para ouvir as acusações contra ele feitas pelo Ministério Público
Maldonado deverá seguir à frente do poder na Guatemala até 14 de janeiro de 2016, quando termina o mandato da atual gestão. O político tem ampla carreira, tendo sido deputado diversas vezes e candidato à presidência em 1982.
Entre os pontos controversos de sua carreira, destaca-se o fato de que em 2006, foi eleito como um dos cinco magistrados da Corte de Constitucionalidade e voltou a assumir o posto em 2011, quando escreveu a resolução que evitou a extradição à Espanha do ex-ditador Efraín Ríos Montt, para ser julgado por genocídio e terrorismo.
Contexto
No último dia 21 de agosto, o Ministério Público e uma comissão da ONU acusaram Molina de ser um dos cabeças de uma rede chamada “a Linha” dedicada à cobrança de subornos a empresários para a evasão de impostos no sistema nacional de aduanas.
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Diante das acusações e da pressão popular em todo o país, o ex-mandatário renunciou na noite desta quarta-feira (02/09), três dias antes das eleições gerais.
No próximo domingo (06/09), os guatemaltecos deverão ir às urnas para eleger um novo presidente, vice-presidente, 338 prefeitos, 158 deputados e 20 representantes do Parlamento Centro-Americano.
Agência Efe
Guatemaltecos tomaram as ruas para comemorar renúncia de Molina
Eleições
Com relação às eleições que serão celebradas neste domingo (06/09), apesar do pedido de alguns setores da sociedade guatemalteca para que elas sejam adiadas por conta do clima político no país, a magistrada do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), María Eugenia Mijangos, afirmou que as eleições gerais serão realizadas com normalidade.
“O tom das manifestações tem sido pacífico, se continuar nesse mesmo sentido e se for realizada a substituição do presidente da República como estabelece a Constituição, eu não vejo porque não possam ser realizadas as eleições”, afirmou Mijangos.