Era de se esperar que a política de Barack Obama para o Oriente Médio variasse pouco em relação à de George W. Bush, num momento em que a Faixa de Gaza se encontra a ferro e fogo e o gabinete do presidente eleito dos Estados Unidos é composto por elementos com forte nexos com Israel.
Hoje (13), no primeiro dia das audiências de confirmação no Senado, a futura secretária de Estado, senadora Hillary Clinton, rejeitou totalmente negociar com o grupo palestino Hamas – em guerra com Israel – até que, pelo menos, “renuncie à violência e reconheça o Estado de Israel”.
“Não se pode negociar com o Hamas até que deixe a violência de lado e reconheça o Estado de Israel. Para mim, isso é uma questão de principio”, disse. Perante a Comissão de Relações Exteriores do Senado, ela acrescentou que o grupo palestino deve também aceitar todos os acordos de paz assinados anteriormente.
Para que as coisas ficassem ainda mais claras, a senadora democrata acrescentou: “Esta é a posição do presidente eleito”. O chefe de gabinete de Obama, Ramn Emanuel, é um senador norte-americano de origem israelense que foi membro do exército desse país.
“Por mais que os problemas do Oriente Médio pareçam não ter solução, e muitos presidentes, incluindo meu marido, dedicaram anos à procura de uma solução, não podemos deixar de buscar a paz”, enfatizou Clinton.
Durante a campanha eleitoral, Obama disse em várias oportunidades que estava disposto a conversar com os adversários, incluindo países como Cuba, Síria e Coréia do Norte, considerados pelo Departamento de Estado nações “terroristas ou que apóiam o terrorismo”. Hoje, a posição de Clinton pareceu contradizer essa noção. “Acho que seria ingênuo e pouco lógico tratar de manter qualquer diplomacia com países que se opõem a Israel”, afirmou.
A senadora, no entanto, fez uma ponderação. “Se por um lado temos muita simpatia pelo desejo israelense de se defender na situação atual e acabar com os disparos de mísseis do Hamas, não podemos esquecer dos trágicos custos humanitários do conflito no Oriente Médio e do sofrimento dos civis palestinos e israelenses”.
Em relação ao Irã, Hillary foi um pouco mais cautelosa. Disse apenas que o futuro governo pensa abordar o problema do programa nuclear de Teerã “sob uma ótica diferente”. “Haverá uma nova forma de ver os problemas, porque é obvio que as coisas não funcionaram até agora”, disse a senadora, sem dar mais explicações nem se comprometer a abrir uma missão diplomática na capital iraniana, como queria o presidente George W. Bush. “São temas que estão sobre a mesa, não há opções de fora”.
Clinton também não deixou de lado uma opção militar para o Irã, algo que a própria administração Bush tratou de impulsionar nos últimos tempos, inclusive com o apoio de seus aliados na ONU (Organização das Nações Unidas). “Vamos fazer todo o possível para continuar com a via diplomática, recorrendo às sanções, e melhorar as relações com nossos aliados neste campo”, disse.
“Tanto o presidente eleito como eu pensamos que a política exterior deve ser uma mistura de princípios e pragmatismo, e não uma ideologia rígida”, definiu Clinton.
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