Em 27 de março de 1977, dois jatos jumbo colidem na pista de aterrissagem do aeroporto de Santa Cruz de Tenerife, nas Ilhas Canárias, matando 572 pessoas, entre passageiros e tripulantes. Esse seria o maior desastre aéreo da história.
Ambos os Boeing 747 cumpriam vôos charter e não estava previsto que pousariam no aeroporto de Los Rodeos de Tenerife. O plano de vôo previa que deveriam pousar no aeroporto de Las Palmas, mas a rota teria sido alterada em virtude da descoberta de uma bomba numa floricultura do aeroporto. Tanto o da Pan Am, que levava passageiros de Los Angeles e Nova York para um cruzeiro no mar Mediterrâneo, quanto o da KLM, com turistas holandeses, receberam ordem para pousar em Santa Cruz.
Com o fechamento de Las Palmas, em pouco tempo, o aeroporto de Los Rodeos ficou saturado. Aeronaves ocuparam todas as posições disponíveis no pátio e até mesmo em algumas pistas de taxiamento. O resultado foi um absoluto caos operacional.
O KLM, vindo de Amsterdam, pousou em Tenerife as 13h38 com 235 passageiros e 15 tripulantes. O da Pan Am chegou às 14h15 de Los Angeles, trazendo 378 passageiros e 16 tripulantes. Pelas posições de estacionamento improvisadas no pátio, o jumbo da KLM ocupava um local que impedia que o 747 da Pan Am saísse antes dele.
WikiCommons
O aeroporto de Los Rodeos é conhecido por seus repentinos problemas de neblina e não é o local favorito de aterrissagem dos pilotos.
O comandante da Pan Am, Victor Grubbs, observava da cabine a movimentação no terminal. Grubbs não autorizou o desembarque de seus passageiros, apostando que a escala seria curta. Tão logo recebeu a confirmação que Las Palmas estava reaberto solicitou a partida. Foi então informado que deveria aguardar a saída do vôo da KLM, já que o 747 holandês impedia a decolagem de uma aeronave de seu porte.
No 747 da KLM, a preocupação era outra. O comandante Jacob van Zanten temia o limite de tempo da jornada de trabalho da tripulação. Se a partida de Tenerife para Las Palmas demorasse muito, o vôo teria de ser interrompido para outra tripulação ser trazida de Amsterdam, o que certamente atrasaria bastante o retorno e deixaria as centenas de passageiros a bordo enfurecidas.
Finalmente, os vôos foram autorizados a decolar. Às 16h51, o 747 holandês solicitou autorização para partir. Com a permissão, começou a taxiar pela pista até a cabeceira. A torre instruiu-o a executar uma manobra difícil de 180º na pista estreita e avisar quando estivesse pronto para partir.
O Pan Am iria em seguida e deveria sair da pista de pouso por uma saída lateral e, de lá, continuar pela pista paralela até alcançar o ponto de espera na cabeceira. Enquanto isso, o piloto holandês, após o giro de 180º, abria os manetes de potência para iniciar a decolagem. Contatou a torre de controle, recebendo instruções sobre a rota que deveria seguir. É provável que o piloto tenha confundido as instruções da rota a seguir com a liberação para decolagem, soltando então os freios e aumentando a potência das turbinas.
Coincidentemente, o piloto do Pan Am estava informando que não havia terminado o táxi e que ainda se encontrava na pista principal. Devido ao nevoeiro, a tripulação holandesa não podia ver o jumbo da Pan Am taxiando na pista algumas centenas de metros adiante e nenhum dos dois aviões podia ser visto da torre. O aeroporto não possuía radar de superfície.
Enquanto o jato da KLM iniciava a corrida para decolagem com aceleração máxima, a torre instruiu o Pan Am com a seguinte mensagem – “Informe quando a pista estiver livre” -, recebendo como resposta – “Ok, informaremos quando estivermos livres”. Os segundos que se seguiram selaram a sorte das 572 pessoas que estavam a bordo dos dois aviões.
O piloto da Pan Am percebeu a aproximação das luzes dos faróis de pouso do outro avião. Imediatamente aplicou força total na tentativa de sair da frente do KLM que avançava velozmente em sua direção. O piloto gritou: “O que ele está fazendo! Vai nos matar!”. Ocorre que a inércia de um jato de grande porte é muito grande e só lentamente começou a se mover. Tarde demais.
O piloto da KLM, ao perceber a silhueta do Pan Am ainda na pista, tentou desesperadamente subir e evitar a colisão. O jumbo arrastou sua cauda por 20 metros e se elevou alguns metros do solo, mas não o suficiente para evitar o impacto. A barriga do KLM atingiu a fuselagem superior do Pan Am na região da asa direita, rasgando e separando sua fuselagem em duas partes, provocando incêndio de grandes proporções.
O KLM, desgovernado com o impacto, girou em torno de seu eixo transversal e se estatelou 150 metros adiante, deslizando na pista com a barriga para cima. Não houve sobreviventes entre os 235 passageiros e 14 tripulantes a bordo.
Milagrosamente, 56 passageiros e 5 tripulantes do Pan Am sobreviveram, escapando por aberturas na fuselagem, passando para a asa esquerda que inexplicavelmente, apesar de conter 20.000 litros de querosene em seus tanques, permaneceu intacta.
Também nesse dia:
1973 – Marlon Brando se recusa a receber pessoalmente o Oscar de O Poderoso Chefão
1958 – Nikita Khruschov é escolhido primeiro-ministro da União Soviética
1968 – Morre Yuri Gagarin, o primeiro homem da história a voar pelo espaço sideral
1998 – A Administração de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos aprovam o Viagra
NULL
NULL
NULL