Em 25 de novembro de 1973, na Grécia, uma junta militar comandada pelo brigadeiro Dimitrios Ioannidis, chefe da polícia grega, derrubou o governo ditatorial do general Giorgios Papadópoulos. O país, governado pelos coronéis desde 1967, levantou-se no final daquele mês contra a junta militar. Logo em seguida, uma nova junta derrubou a anterior e o general Phaedon Gizikis assumiu o poder. No entanto, o fim da ditadura militar só ocorreria em julho de 1974, durante os distúrbios provocados pela invasão do Chipre pela Turquia.
Na manhã do dia 21 de abril de 1967, um golpe militar instaurou uma ditadura pró-americana, consagrada pela história como o “regime dos coronéis” – uma série de governos militares que chefiaram o país durante o período 1967-1974. O regime bloqueou a evolução política e isolou a Grécia da Europa.
Poucas semanas antes das eleições gerais programadas para 1967, um grupo de oficiais direitista do exército grego, liderados pelo então coronel Papadópoulos, pelo coronel Nikolaos Makarezos, pelo general Stylianos Pattakos e respaldado por um “Conselho Revolucionário”, assumiu o poder em um golpe de Estado. O levante obedecia estritamente um certo “Plano Prometheus” que, na realidade, era preparado pela Otan para a eventualidade de uma séria “desordem interna” na Grécia.
A justificativa oficial para o golpe de Estado era que uma “conspiração comunista” havia infiltrado a burocracia estatal, a academia, a imprensa e mesmo os militares, numa extensão tamanha que uma “ação drástica se tornara necessária para proteger a nação contra uma tomada de poder pelos marxistas”.
Os coronéis haviam-se preparado para tomar o poder de assalto, valendo-se da surpresa e da confusão. Pattakos era o comandante de blindados baseado em Atenas. Os tanques foram colocados em posições estratégicas na capital grega, tomando o controle da cidade. Ao mesmo tempo, um grande número de unidades móveis foi deslocado para prender os principais líderes políticos e as autoridades governamentais mais importantes, além de muitos cidadãos comuns suspeitos de “simpatias esquerdistas”.
Um dos primeiros a ser preso foi o tenente-general Giorgios Spantidakis, comandante-em-chefe do exército grego e notório adversário dos golpistas. Spantidakis sabia quem eram os conspiradores e, a exemplo de seus adversários, também trouxe alguns comandantes a Atenas para preparar um outro golpe que evitasse a muito provável vitória de Giorgios Papandreou nas eleições que se aproximavam.
Os coroneis foram bem-sucedidos em convencer Spantidakis a se juntar a eles, à última hora, e a emitir ordens desencadeando o plano de ação. A tropa sob o comando de Papadópoulos ocupou o Ministério da Defesa, enquanto Pattakos tomou o controle dos centros de comunicação, do parlamento, do palácio real e, seguindo uma lista detalhada, prendeu mais de 10 mil pessoas.
Uma vez que as ordens vinham de uma fonte legal, os comandantes e as unidades não envolvidas na conspiração passaram automaticamente a obedecê-la. Durante o primeiro dia, muitos dos presos foram levados ao Hipódromo. Alguns deles, como Panagiotis Elis, foram executados a sangue frio por jovens oficiais. As lideranças políticas, como o primeiro-ministro Panagiotis Kanellopoulos, foram presas.
Em 1974, a ditadura, já incapaz de controlar a crise cipriota com os
turcos, deixou o governo. O ex-primeiro-ministro Konstantinos
Karamanlis, exilado em Paris, retornou à Grécia para restabelecer a
democracia. Seria eleito presidente em 1980 e faria seu país ingressar
na Comunidade Europeia.
Em 1969, o cineasta grego Costa-Gavras, na altura com 29 anos e exilado, rodou em Paris o filme “Z”, estrelado por Yves Montand, Irene Papas e Jean Louis Trintignant, que retrata o clima vivido no país nos momentos logo antes da ditadura dos coronéis.
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