Nadezhda Tolokonnikova, uma das integrantes da banda Pussy Riot, está a caminho de um campo de trabalho na região de Krasnoïarsk, na Sibéria Oriental, na localidade de Nijni Ingach, a 4.400 quilômetros de Moscou. As informações foram anunciadas por seu marido, Pyotr Verzilov, via Twitter.
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A jovem “foi exilada para o fundo da Sibéria. É uma punição pelo impacto de sua carta”, disse Verzilov, em referência às recentes denúncias feitas pela detenta sobre as más condições da prisão onde se encontrava. A ativista, que cumpre dois anos de prisão e fará 24 anos na quinta-feira (07/11), “vai festejar seu aniversário numa célula de isolamento numa parte qualquer de Krasnoïarsk”, lamentou o marido.
Agência Efe (28/05)
Nadezhda Tolokonnikova (à direita) foi transferida para um centro prisional na Sibéria
Há duas semanas ninguém fora do sistema prisional russo sabia onde Nadezhda se encontrava. Na segunda-feira, e pelo terceiro dia seguido, amigos e familiares da ativista russa montaram piquete à porta da sede dos Serviços Prisionais de Moscou, para saber para onde ela foi transferida.
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O marido convocou protestos desde sábado, depois de o órgão ter emitido um comunicado afirmando que Nadezhda não desapareceu, mas estava “em trânsito” para outro centro prisional.
“Este é o modo como o sistema faz uma pessoa desaparecer sem deixar vestígios ao longo de semanas”, disse Verzilov ao site Buzzfeed. Ele disse estar convencido de que a decisão da transferência partiu de Moscou: “Querem cortar suas ligações com o mundo exterior”.
Tolokonnikova estava detida na colônia prisional IK-47, em Mordóvia (445 km de Moscou), onde já chegou a fazer duas greves de fome alegando protestar contra maus-tratos. A transferência teria ocorrido em 21 de outubro, mas pela lei, os parentes podem ser comunicados até dez dias após a transferência ter ocorrido.
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Em agosto de 2012, as três integrantes da banda punk russa Pussy Riot foram consideradas culpadas por hooliganismo e incitação ao ódio religioso por terem realizado uma performance musical na Catedral do Cristo Salvador, em Moscou, onde criticaram a Igreja Ortodoxa russa e o presidente Vladimir Putin.
Nadezhda foi condenada a dois anos de prisão, juntamente com Maria Aliokhina e Iekaterina Samutsevich. A última foi libertada por estar grávida.
No último dia 19, numa carta enviada à sua advogada e que foi divulgada na internet, Nadezhda dizia temer pela sua vida: “Não sei o que os carrascos do sistema prisional da Mordóvia vão fazer comigo”. A advogada da cantora, Violetta Volkova, após a última visita que lhe fez, escreveu no seu blog que, “se Nadezhda fosse vista hoje na rua, não seria reconhecida”.