No mesmo dia em que o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, anunciou o lançamento de um foguete de longo alcance, capaz de alcançar o território de Israel, o leste europeu e bases norte-americanas no Golfo Pérsico, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, advertiu para a possibilidade de que ocorra uma “corrida armamentista” no Oriente Médio nos próximos anos, caso o Irã consiga armas nucleares.
Hillary Clinton discursa em Washington – EFE/Shawn Thew
“Um Irã com armas nucleares e com um sistema para atirá-las disparará uma corrida armamentista no Oriente Médio”, disse Hillary, enquanto discursava para uma subcomissão do Senado, para defender o orçamento do ano fiscal de 2010 para o Departamento de Estado. A secretária, porém, não comentou sobre o lançamento do míssil iraniano.
Hillary ainda lembrou que a administração do presidente Barack Obama é contra a fabricação de armas nucleares no Irã, e diz confiar na diplomacia para que isso não aconteça. Hillary disse que o objetivo de seu país é “persuadir o regime iraniano de que eles serão na verdade menos seguros se prosseguirem com seu programa de armas nucleares”.
Do outro lado
Na cidade de Semman, no Irã, 200 quilômetros a leste de Teerã, Ahmadinejad afirmou durante um comício pré-eleitoral, que “hoje, a República Islâmica conseguiu um novo marco no que diz respeito à fabricação de mísseis”. As próximas eleições iranianas estão marcadas para 15 de junho e Ahmadinejad tentará a reeleição.
De acordo com Charles P. Vick, especialista em mísseis iranianos do Global Security entrevistado pelo New York Times,o Sejjil-2, como é chamado o artefato, funciona com combustível sólido, um avanço que permite aos foguetes que se preparem para lançamento mais rapidamente e alcancem longas distâncias.
“Quando o míssil é lançado, pode atravessar a atmosfera e perder uma de suas partes, enquanto a outra alcança o ponto onde tem que chegar” com precisão, explicou Ahmadinejad aos milhares de presentes ao ato.
O foguete lançado hoje não é muito diferente de sua versão anterior, lançada em novembro, disse Kenneth Katzman, especialista em Assuntos do Oriente Médio no Serviço de Pesquisa do Congresso em Washington.
O ministro da defesa, Mostafa Mohammad Najar, disse que as principais diferenças são que o novo míssil é equipado “com um novo sistema de navegação com sofisticados e precisos novos sensores”, segundo a Agência Oficial de Notícias do Irã.
Fins pacíficos
Assim como no governo anterior, a política externa do presidente Barack Obama, procura evitar que o Irã desenvolva armas de destruição em massa, especialmente nucleares. Funcionários iranianos, porém, afirmam que seu programa nuclear tem fins pacíficos.
Em fevereiro o Irã colocou em órbita um satélite de fabricação inteiramente nacional – fato que alarmou a comunidade nacional, a respeito dos avanços feitos pelo país no campo bélico.
O Irã nunca negou que fabricasse mísseis de longo alcance e inclusive confirmou que tem em seus arsenais alguns como o Shahid-2, capaz de alcançar alvos a mais de dois mil quilômetros de distância.
No entanto, países como Estados Unidos, Israel e as principais potências européias temem que o Governo de Teerã esconda um suposto projeto militar destinado a dotar estes mísseis com ogivas nucleares.
O Irã sofre um estrito embargo de armas internacional há três décadas, mas as sanções não impediram que desde 1992 tenha iniciado um bem-sucedido programa nacional de armas.
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