Poucos dias após a retomada das operações em Gaza, depois de ter se retirado devido à falta de segurança na região, a ONU (Organização das Nações Unidas) sofreu outro baque hoje (15). A sede do órgão encarregado de cuidar dos refugiados palestinos (UNRWA) foi bombardeada pelo Exército israelense com explosivos de fósforo.
Além disso, dois hospitais em Gaza e um complexo de prédios que abrigava jornalistas também foram atingidos por bombas israelenses. E o ministro do Interior do Hamas, Saeed Sayyam, foi morto no campo de refugiados de Jabalya (leia mais abaixo).
Cerca de 700 pessoas estavam no prédio da ONU. O espanhol Francesc Claret, funcionário da organização, explicou que o complexo atacado é a sede central da UNRWA em Gaza e abriga centros de operações e formação, além de armazéns. Segundo o porta-voz da ONU, Chris Gunnes, três projéteis atingiram o local, provocando um incêndio de grandes proporções. No interior do edifício, há combustível armazenado.
Ao menos três funcionários ficaram feridos. Além disso, os veículos que distribuem ajuda humanitária diariamente não poderão operar.
Francesc Claret manifestou incerteza em relação ao destino dos refugiados e do material de ajuda humanitária concentrado nos armazéns que estão pegando fogo, e lembrou que o incêndio causado pelo fósforo branco, material altamente inflamável, não pode ser apagado com água.
“A comida que entrou em Gaza nos últimos dias está pegando fogo”, disse, em Gaza, o porta-voz da agência Adnan Abu Hasna, em declarações ao Canal 10 da televisão de Israel.
O ataque aconteceu pouco antes de o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se encontrar em Tel Aviv com a ministra das Relações Exteriores israelense, Tzipi Livni. Ele se disse revoltado com o ataque e afirmou ser “inaceitável” o que está acontecendo em Gaza. “O número de vítimas até agora é grande demais”.
O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, disse para Ban Ki-moon que o bombardeio foi um “erro grave” e garantiu um cuidado maior com as instalações da ONU para que isso não se repita. No entanto, o governo israelense justificou a ação, dizendo que foi em resposta a fogo palestino.
“Se havia militantes em nosso prédio, porque não fomos informados?”, questionou Chris Gunnes, porta-voz da ONU, em entrevista à rede Al Jazeera, após a declaração de Israel.
Na sexta-feira passada (10), após a UNRWA suspender suas atividades devido à morte de um motorista de um comboio humanitário, Israel garantiu que teria mais cuidado e não voltaria a atacar centros dessa organização.
Desde o início da ofensiva israelense, a UNRWA habilitou todas as suas instalações para refugiar palestinos deslocados. Atualmente, cerca de 20 mil ocupam estes centros, de onde também se distribui a ajuda humanitária para mais de 900 mil habitantes.
Ataques a hospitais
Hoje, Israel também bombardeou dois hospitais na Faixa de Gaza. Um deles pertencia ao Crescente Vermelho Palestino, braço da Cruz Vermelha Internacional.
Segundo a Al-Jazeera, que citou fontes do Crescente Vermelho, a farmácia do hospital e o segundo andar de um edifício que abriga vários escritórios administrativos no bairro de Tel Hawa ficaram em chamas.
Cerca de 500 pessoas, incluindo os médicos e doentes, estavam dentro do hospital no momento do ataque. Fontes não puderam precisar se houve vítimas nem quantificar os danos materiais causados, já que perderam o contato com a sede.
O hospital Al Quds, na Cidade de Gaza, recebeu pelo menos quatro disparos diretos de forças israelenses.
Jornalistas se tornam alvo
Dois jornalistas ficaram feridos após o bombardeio de um complexo na Faixa de Gaza que abrigava profissionais de diversos países, representantes de veículos como Reuters, Fox e Al Arabiya.
O ataque aconteceu na Cidade de Gaza, onde as forças israelenses entraram pela primeira vez desde o início da ofensiva israelense, em 27 de dezembro. Por enquanto, não se sabe se a explosão foi resultado de um ataque aéreo ou de um projétil de tanque. O Exército israelense não confirmou o ataque.
Até o momento, estima-se que haja 1.063 palestinos mortos e 4.860 feridos. Entre os israelenses, as baixas são quatro civis e dez militares.
Bombardeio mata ministro do Interior do Hamas
Um bombardeio israelense matou hoje o ministro do Interior do Hamas, Saeed Sayyam, na Faixa de Gaza, disseram fontes do grupo, segundo a Reuters.
Um filho, um irmão de Sayyed e três outras pessoas também morreram no ataque quando estavam numa casa no campo de refugiados de Jabalya, além de quatro outros que estavam numa casa vizinha, segundo os médicos.
Seyyam era o responsável por 13 mil policiais e soldados do Hamas, muitos dos quais ativamente envolvidos na luta contra Israel. Ele fundou a chamada Força Executiva, braço armado do grupo inicialmente criado para rivalizar com a Guarda Presidencial do presidente Mahmoud Abbas, da facção Fatah.
Atualizado às 19h01.
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