O cancelamento de uma iniciativa do governo turco, que planejava construir um complexo hospitalar para israelenses e palestinos no lado israelense da fronteira, perto da vila árabe de Jalameh, botou mais lenha na fogueira de tensão entre a Turquia e Israel, informa o jornal Haaretz.
O projeto, sugerido pelos turcos em 2006, durante visita do primeiro-ministro Ehud Olmert a Ancara, capital da Turquia, já havia recebido a aprovação do presidente Shimon Peres e do ministro da Defesa Ehud Barak, além do próprio Olmert.
No entanto, integrantes do establishment militar israelense – o Shin Bet (serviço secreto), a IDF (Forças Armadas) e o NSC (Conselho Nacional de Segurança) – se posicionaram contra, alegando “falta de segurança” na continuidade do plano. Por ora, a idéia foi reprovada, e o retorno das conversações dependerá de decisão final do primeiro-ministro e do ministro da Defesa, que em breve serão substituídos, devido às recentes eleições parlamentares.
Os turcos pretendiam erguer um hospital “da paz”, onde palestinos e israelenses recebessem o mesmo tipo de tratamento, com médicos das duas nacionalidades. Um hotel seria construído para acomodar as famílias dos pacientes palestinos.
Oficiais do Exército israelense alegaram que recusaram o plano pois existia o perigo de o grupo palestino Hamas tomar o hospital e colocar em risco a segurança de Israel. “Uma iniciativa de US$ 850 milhões que visa à paz será jogada fora? Isso não é nosso problema”, disse um oficial da Defesa.
“Se o doador está tão preocupado com as crianças palestinas, que construa um hospital em Jenin (campo de refugiados na Cisjordânia). Se os turcos ficarão ofendidos? A ministra das Relações Exteriores lidará com isso”, afirmou. “O projeto tem a benção do primeiro-ministro e do ministro da Defesa, mas amanhã eles estarão fora de seus cargos e nós sobraremos com a dor de cabeça”, concluiu.
O embaixador turco em Israel, Namik Tan, lamentou a decisão. “O que nos resta agora é aguardar a formação do próximo governo israelense e torcer para que o projeto seja aceito”. O idealizador da iniciativa, Ali Dogramaci, reitor da Universidade de Bilkent, em Ancara, respondeu, quando questionado se poderia construir o hospital do lado palestino, que “os israelenses são mais confiáveis e que o gesto de Israel, caso autorizasse o plano, significaria um compromisso pela paz”.
Tensão começou quando premiê turco chamou ataque a Gaza de “negra mancha na história”
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