Israel e Turquia andam estremecidos desde o início do último conflito na Faixa de Gaza, em dezembro de 2008. A Turquia, aliada dos Estados Unidos e de Israel, também mantém boas relações com a ANP (Autoridade Nacional Palestina) e o Hamas, ou seja, é um contato diplomático em potencial. Mas as fortes críticas de Ancara aos ataques a civis em Gaza enfraqueceram a ligação com Israel.
No começo de janeiro, o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan chamou a campanha militar em Gaza de “negra mancha na história” e de “desrespeito aos turcos”.
Durante debate no Fórum Econômico Mundial, no dia 29 de janeiro, em Davos, que tinha como tema o conflito em Gaza, Erdogan se retirou do salão após o presidente de Israel, Shimon Peres, afirmar, aos berros, que as mortes de milhares civis (cerca de 1.400) haviam sido causadas pelo Hamas e seus foguetes Qassam.
O premiê foi recebido, logo depois, em Istambul, por milhares de turcos orgulhosos. Shimon Peres afirmou, logo após o episódio, que esperava que as relações entre os dois países não fossem prejudicada no futuro.
De acordo com Fred Halliday, especialista em Oriente Médio da London School of Economics, a Turquia nunca teve grande peso no Oriente Médio, assim como a Europa. “Antes da guerra no Iraque, iniciada em 2003, a Turquia era um dos mais fiéis aliados dos Estados Unidos na região. Mas o conflito gerou o temor entre o povo turco de que este era um passo para a fragmentação da Turquia e para a posterior criação de um estado curdo”, explicou Halliday.
Os curdos são um grupo étnico nativo de uma região freqüentemente referida como Curdistão, que reúne partes adjacentes do Irã, Iraque, Síria e Turquia. Aproximadamente metade de todos os curdos vive na Turquia e 20% da população do país é formada por esse grupo étnico.
Por isso, afirmou o especialista, o governo endureceu suas posições contra Israel em resposta à indignação da população e, ao mesmo tempo, tenta recuperar o pouco prestígio que possuía no cenário da diplomacia internacional. “No entanto, ninguém leva a Turquia a sério e tampouco o país tem dinheiro para gastar”. Segundo Halliday, o Irã e a Arábia Saudita detêm maior influência atualmente sobre o conflito entre Israel e o Hamas.
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