A escalada de ataques sobre o território palestino continua. Um dia após bombardear hospitais, um prédio da ONU (Organização das Nações Unidas) e outro onde se encontravam jornalistas, o Exército de Israel anunciou ter atacado 40 alvos na Faixa de Gaza, entre eles uma mesquita que serviria como depósito de armas e quatro túneis de ligação com o Egito, vistos como canais para tráfico de armas e munição.
Também fechou a fronteira com a Cisjordânia por 48 horas. O conflito, iniciado há três semanas, já vitimou 1.133 palestinos e 13 israelenses. Não há guerra na Cisjordânia, já que a base do Hamas é a Faixa de Gaza, mas Israel decidiu fechar as fronteiras “por motivos de segurança”. “Durante estes dois dias, a passagem deste território palestino para Israel será autorizado somente pelos escritórios de coordenação do distrito para pessoas com urgências médicas ou com necessidade de ajuda humanitária assim como ‘outros incidentes específicos’”, diz nota enviada pelo Exército.
Tanto o Hamas quanto o Fatah – facção política derrotada nas eleições realizadas em 2005 e rival da primeira –, convocaram palestinos para sair às ruas e protestar contra a decisão de Israel. Até então, o Fatah vinha tentando inibir manifestações na Cisjordânia. (Leia mais)
Outro motivo para a revolta do Hamas foi a morte do ministro do Interior do grupo palestino, Saeed Sayyam, atingido ontem por bombas israelenses. O funeral foi realizado hoje.
De acordo com especialistas, a intensificação dos ataques de Israel pode ser encarada como uma forma de pressionar o Hamas, antes de um acordo de cessar-fogo.“Com sorte, estamos no último ato”, afirmou Mark Regev, porta-voz do premiê de Israel, Ehud Olmert. “As condições [do cessar-fogo] ainda não são realizáveis, mas isso pode mudar no fim do sábado (17) e nós poderemos deixar essa história para trás”, disse o chefe da Casa Civil israelense, Binyamin Ben-Eliezer.
Do lado israelense, também houve danos à população civil. Militantes palestinos lançaram 15 foguetes no sul do país e deixaram cinco cidadãos feridos, inclusive uma mulher grávida, que foi hospitalizada em Ashkelon após ter a casa bombardeada, segundo o jornal Haaretz.
Cessar-fogo unilateral?
O governo israelense pode votar no sábado (17) uma proposta de trégua unilateral na Faixa de Gaza, ou seja, sem acordo de cessar-fogo com o Hamas. A condição seria Egito e Estados Unidos se comprometem a apoiar os esforços de Israel para acabar com o tráfico de armas destinadas ao Hamas pelo território egípcio.
A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, e a ministra de Exteriores israelense, Tzipi Livni, assinaram hoje um acordo nesse sentido. Se Israel interromper os ataques unilateralmente, não precisará atender a nenhuma reivindicação do Hamas, como o fim do bloqueio à Faixa de Gaza. O líder do grupo palestino, Khaled Meshal, afirmou hoje que não aceita as condições de Israel para um cessar-fogo, mesmo com toda a destruição já provocada em Gaza.
Árabes se reúnem
Uma reunião extraordinária dos ministros de Assuntos Exteriores dos 22 países da Liga Árabe começou hoje no Kuwait para discutir o ataque israelense contra a Faixa de Gaza. O correspondente no Kuwait da rede de televisão Al-Jazeera, citando fontes ligadas à reunião, informou que o encontro acontece em um “ambiente tenso”, devido às divergências entre os países sobre como tratar o conflito na Faixa de Gaza.
Além disso, disse que países como Egito e Arábia Saudita defendem que o assunto seja tratado na próxima segunda-feira, em uma cúpula econômica no Kuwait.O secretário-geral da Liga Árabe, Amre Moussa, disse antes da reunião que “a agressão israelense contra Gaza não vai cessar enquanto não houver uma unidade árabe” e descreveu a situação atual como “dolorosa demais, lamentável, daninha e confusa”.
Atualizado às 21h26
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