Após semanas de debates nos bastidores e por meio da imprensa e quase três horas de reunião ontem (7), seguidas de novas conversas em jantar no Palácio da Alvorada, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Lugo, do Paraguai, decidiram manter as negociações sobre mudanças no contrato da usina hidrelétrica de Itaipu por mais um mês. Em entrevista coletiva hoje, na Base Aérea de Brasília, Lula afirmou que as conversas foram boas e o tema foi discutido abertamente, “sem tabu”, apesar da falta de acordo. Lugo disse que o Paraguai “não renunciou às suas reivindicações”.
O presidente brasileiro disse que, a pedido do paraguaio, as áreas técnicas dos dois governos intensificarão as conversas nas próximas semanas para que se tente chegar a um consenso no início de junho, quando os dois se reunirão novamente no Paraguai, antes da próxima cúpula do Mercosul. “É um tema bastante sensível e de grande importância para os dois países, por isso decidimos que não dava para decidir hoje, que precisávamos conversar mais”, afirmou.
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Lugo vem defendendo a revisão do Tratado de Itaipu desde a campanha presidencial. O acordo foi assinado em 1973 e, a princípio, só seria revisado em 2023.
Pelo tratado, a energia produzida em Itaipu é dividida em partes iguais e o excedente de um país deve ser vendido ao outro. Como o Paraguai consome apenas cerca de 5% de toda a energia gerada pela usina, os 45% restantes são vendidos ao Brasil ao preço de 45 dólares por megawatt/hora. Os paraguaios reivindicam, entre outros pontos, a liberdade para vender a energia excedente a outros países e um valor maior pelo que for comprado pelo Brasil. Autoridades brasileiras vêm refutando essa possibilidade de venda a terceiros e ofereceram um reajuste para 47 dólares por MWh, o que vinha sendo descartado pelo Paraguai.
Outros assuntos
Lula destacou que Itaipu não foi o único assunto debatido e disse que, por solicitação de Lugo, nenhum dos outros 14 acordos já negociados, e que seriam assinados ontem, se concretizaram. “Todos esses temas serão mais discutidos nas próximas semanas, para que possamos chegar a algo concreto na reunião de junho”, disse Lula. Lugo se limitou a dizer que vários temas precisavam ser complementados para que os acordos sejam assinados pelo Paraguai.
Apesar da falta de acordos nesse encontro, Lugo se disse satisfeito com a visita ao Brasil e com a garantia de um diálogo permanente para buscar uma maior cooperação entre Brasil e Paraguai, que vise aumentar a ajuda brasileira ao seu país.
Lula falou no mesmo sentido, destacando a importância de uma integração cada vez maior no Mercosul e na América Latina que traga desenvolvimento a toda a região. “Não queremos ser uma ilha de prosperidade em meio a um continente com problemas. Todos estão percebendo os avanços recentes na América do Sul, mas temos que continuar com o processo de integração para que todos cresçam juntos”, afirmou.
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