O Japão suspendeu temporariamente a caça anual a baleias em águas da Antártida. Um porta-voz da Agência de Pesca japonesa anunciou nesta quarta-feira (16/02) que o baleeiro Nisshin Maru paralisou as atividades no último dia 10 de fevereiro por segurança, diante das agressivas práticas do grupo conservacionista Sea Shepherd, e avalia que decisão tomar a partir de agora.
A campanha baleeira japonesa, que deveria ocorrer até março, foi suspensa quando o Nisshin Maru estava em uma área próxima às águas territoriais chilenas, segundo a agência local Kyodo.
A caça de baleias custou à Tóquio críticas constantes recebidas do mundo todo e até uma denúncia da Austrália diante do Tribunal Penal Internacional de Haia por esconder, sob supostos fins científicos, as motivações meramente comerciais.
Japão, Islândia e Noruega são os únicos países que continuam pescando baleias, uma prática que em Tóquio é defendida como uma tradição cultural milenar, nascida no litoral de Taiji em Wakayama, que também realiza uma polêmica caça aos golfinhos.
O ministro porta-voz do Japão, Yukio Edano, lamentou nesta quarta as táticas de obstrução à expedição “científica” japonesa e disse que pedirão a outras nações que tomem medidas.
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Os japoneses caçam baleias desde 1987 alegando uma suposta finalidade científica, para investigar o modo de vida e conteúdo dos estômagos dos mamíferos, e suas expedições à Antártida estão a cargo do Instituto de Pesquisa de Cetáceos. Mas nos restaurantes japoneses a carne ainda é vendida, apesar de seu consumo ter caído com força nos últimos anos até chegar em 2009 para pouco mais de 4,2 mil toneladas. Em 1962, o consumo chegava a 230 mil toneladas.
Segundo o Greenpeace, a mudança nos hábitos alimentares dos japoneses está por trás do retorno antecipado da frota baleeira. Um porta-voz da associação afirmou esperar que esta seja a última campanha na Antártida do Nisshin Maru. “Como não há demanda por carne de baleia no Japão, está perdendo o sentido continuar caçando baleias”, garantiu à Agência Efe um responsável do Greenpeace.
As capturas anuais da frota japonesa, que geralmente tinha uma cota de ao redor de mil cetáceos, caíram paulatinamente e desde 2008 são de pouco mais de 500 baleias minke e rorcual aliblanco. No ano passado, os baleeiros capturaram 507 cetáceos, 60% do objetivo, e a expedição teve de ser suspensa durante 31 dias devido às atividades de sabotagem dos ecologistas.
Para este ano, a cota anual era de 850 mamíferos, mas, segundo a Sea Shepherd, os navios japoneses conseguiram capturar entre 30 e cem cetáceos, a pior campanha da história.
O Japão abandonou a caça de baleias em 1986 pela moratória internacional, mas retomou um ano depois sob a proteção de um programa com fins científicos autorizado pela Comissão Baleeira Internacional (CBI), em meio ao ceticismo de muitas associações e países.
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