O Tribunal Constitucional da Coreia do Sul confirmou nesta sexta-feira (10/03) por unanimidade a cassação da presidente do país, Park Geun-hye, aprovada originalmente pelo Parlamento por causa de sua ligação com o caso de corrupção que envolve sua ex-conselheira Choi Soon-sil.
Com a cassação, Park, que os promotores consideram suspeita no caso, perdeu sua imunidade e a Coreia do Sul é obrigada a realizar novas eleições presidenciais em até 60 dias.
A Justiça considerou que Park participou, ao lado de Choi Soon-sil, conhecida como “Rasputina”, na criação de duas fundações que foram usadas para extorquir fundos para grandes empresas e disse que violou a lei ao filtrar seus documentos confidenciais a Choi e permitir que ela interferisse nos assuntos de Estado.
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Os oito juízes do Tribunal Constitucional ratificaram desta forma a cassação de Park, que assumiu a presidência em fevereiro de 2012, aprovada no início de dezembro do ano passado pelo parlamento sul-coreano.
Embora não tenha considerado ter sido o motivo para sua cassação, a mais alta corte do país achou provas de que Park negligenciou suas obrigações como chefe de Estado durante o naufrágio, em abril de 2014, do MV Sewol que deixou mais de 300 mortos, a maioria estudantes do ensino médio.
Agência Efe
Tribunal Constitucional da Coreia do Sul durante sessão que aprovou o impeachment da presidente Park Geun-hye
A decisão, que foi transmitida ao vivo por todas as emissoras de TVs e rádios do país, foi tornada pública em um ambiente marcado pelo forte dispositivo de segurança ativado em Seul para evitar confrontos entre os seguidores e opositores de Park Geun-hye.
Mais de 21,6 mil agentes isolam a máxima instância judicial sul-coreana, a Casa Azul, a sede da presidência e outros edifícios governamentais da capital por causa das manifestações contrárias e favoráveis a Park convocadas para hoje.
Desde que o escândalo começou a sacudir o país, no ano passado, a avenida foi palco de enormes manifestações que pediam a saída de Park e que chegaram a reunir mais de 2 milhões de pessoas.
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Especialistas apontam que as eleições presidenciais, onde o favorito é o candidato liberal Moon Jae-in, devem ser realizadas no dia 9 de maio.
Agência Efe
Park Geun-hye em novembro de 2016; presidente estava afastada desde o fim do ano passado, quando Parlamento aprovou seu impeachment
O veredicto de hoje representa a primeira destituição de um chefe de Estado e a primeira antecipação do pleito na Coreia do Sul, desde que o país voltou a realizar eleições democráticas em 1987 após o mandato de duas juntas militares (uma das quais liderou o general Park Chung-hee, pai de Park Geun-hye).
A maioria dos sul-coreanos mostrou ser favor a cassação de Park, segundo pesquisas divulgadas pela agência nacional Yonhap, que apontam um apoio popular de 70% para a decisão de hoje.
Pelo menos duas pessoas morrem em protestos após impeachment
Pelo menos duas pessoas morreram nesta sexta-feira enquanto participavam das manifestações em Seul, em protesto pela cassação da agora ex-presidente, segundo informações da polícia para a Yonhap.
Um dos mortos é um homem de 72 anos, que morreu a caminho ao hospital por causa dos ferimentos que sofreu na cabeça, de acordo com informações das forças de segurança. Ele foi encontrado inconsciente perto da sede do Tribunal Constitucional.
Agência Efe
Polícia isola área perto do Tribunal Constitucional em Seul
O segundo morto é um homem de 60 anos que também foi encontrado inconsciente próximo ao tribunal.
A polícia afirma que há outros dois feridos, enquanto os organizadores da manifestação pró-Park disseram à Yonhap que pelo menos oito manifestantes sofreram lesões.
Após a leitura do veredicto começaram violentos confrontos entre a polícia e os partidários da agora ex-presidente sul-coreana, na frente da sede do tribunal e nas proximidades da Avenida Sejong.
Agência Efe
Polícia isola área perto do Tribunal Constitucional em Seul