O líder opositor venezuelano Leopoldo López, em prisão preventiva há nove meses, compareceu nesta terça-feira (18/11) perante o tribunal que lhe julga por incidentes violentos ocorridos após um protesto contra o governo.
López se negou a apresentar-se perante o tribunal em três ocasiões anteriores e advertiu que não iria até que a juíza Susana Barreiro se pronunciasse sobre a recomendação de um grupo de trabalho da ONU sobre detenções arbitrárias para que seja posto em liberdade.
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Agência Efe
Da cela, Leopoldo López acena para apoiadores
A juíza Barreiro se pronunciou na semana passada, rejeitando a recomendação com o argumento que não é vinculativo, motivo pelo qual López aceitou sair da cela que ocupa em uma prisão militar nos arredores de Caracas para comparecer ao tribunal.
O dirigente político é acusado por delitos de instigação pública, formação de quadrilha, danos à propriedade e incêndio.
López escreveu na rede social Twitter que chegou ao tribunal de Caracas “cheio de força e fé” e que não esmorecerá em seu empenho para seguir demonstrando “as injustiças que sofrem os venezuelanos com um regime corrupto, ineficiente e antidemocrático”.
Ya estoy en el Tribunal. Lleno de Fuerza y lleno de Fe. Hoy día de la Chinita recuerdo con mucha fuerza y amor al pueblo zuliano
— Leopoldo López (@leopoldolopez) November 18, 2014
Por sua parte, Roberto Marreno, um dos advogados do líder do partido opositor Vontade Popular (VP), disse à Agência Efe que o pronunciamento da juíza no sentido que a resolução do grupo de trabalho da ONU não é vinculativo é “uma decisão afastada do direito”.
Por esse motivo, revelou que já recorreu à Corte de Apelações, instância que agora, ressaltou, “tem a oportunidade histórica de restabelecer o sistema de direito”.
Protestos
Junto a outros líderes de oposição, entre eles a ex-deputada María Corina Machado, López convocou uma manifestação no centro de Caracas no dia 12 de fevereiro passado que registrou um ataque com bombas incendiárias à sede da procuradoria e deixou três mortos.
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Isso deu início a uma onda de protestos antigovernamentais que durou mais de quatro meses e que em algumas ocasiões terminou em incidentes violentos, o que, segundo o balanço oficial, deixou um total de 43 mortos, dezenas de feridos e mais de três mil detidos.
Na ocasião, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou López de recorrer à violência, afirmação que o líder do VP sempre negou ao argumentar que sua estratégia respeita extremos constitucionais, entre eles o direito ao pedido da renúncia voluntária.
Após entregar-se voluntariamente e acompanhado de milhares de simpatizantes no dia 18 de fevereiro, López começou a ser julgado em 23 de julho entre queixas iniciais de seus advogados pela recusa da juíza a aceitar na audiência preliminar a totalidade das provas facilitadas por eles para a defesa do político.