O advogado e ativista Chukri Bel Aid, considerado um dos líderes da oposição secular tunisiana, morreu nesta quarta-feira (06/02) após ser baleado quando saía de sua casa em um bairro nobre da capital Túnis. Ele era um dos principais críticos ao governo do país e à violência de grupos extremistas.
Segundo informações da agência de notícias local TAP, Bel Aid foi levado a uma uma clínica do bairro de Al Nasser, mas não resistiu aos ferimentos. Devido ao assassinato, mais de mil pessoas protestaram em frente ao palácio do governo contra o partido da situação, o islâmico Ennahda.
O primeiro-ministro, Hamadi Jebali, disse que a polícia ainda não identificou o assassino, e lamentou a morte do adversário. “A morte de Belaid é um assassinato político e da revolução tunisiana. Matando ele, eles quiseram silenciar sua voz”.
Devido ao incidente, o presidente Moncef Marzouki interrompeu uma visita à França e cancelou uma viagem ao Egito para participar da cúpula dos países islâmicos.
Trajetória
Bel Aid era secretário-geral do agrupamento de esquerda PPDU (Partido dos Patriotas Democratas Unificados). Foi um dos principais líderes dos movimentos sociais e dos sindicatos da cidade de Gafsa, clandestinos durante o regime de Zine el Abidine Ben Ali.
Ferrenho crítico do governo, o PPDU anunciou no último 26 de setembro, ao lado de outros 11 partidos, a criação da “Frente Popular Pelos Objetivos da Revolução”, dirigida pelo Partido dos Operários Comunistas de Tunísia. A plataforma nasceu com a intenção de “resistir à ameaça da dinâmica hegemônica do governo”, como anunciaram então seus fundadores.
NULL
NULL
A Frente Popular faz oposição às LPR (Ligas para a Proteção da Revolução), criadas por grupos salafistas e simpatizantes do partido governante Ennahda, de orientação religiosa. A oposição as acusa de serem milícias fundadas por rebeldes salafistas e que estariam envolvidas em atos terroristas.
A sede do PPDU na cidade de Kef, sudoeste do país, já havia sido atacada no último sábado (02/02), o que fez com que Bel Aid subisse o tom de suas acusações. Para ele, as LPR estavam por trás dos assaltos contra várias sedes de partidos políticos opositores, e criticou o que considerava uma inação da polícia perante as agressões contra partidos opositores e seus líderes.
Na noite de terça-feira (05/02), em um programa de televisão, o líder voltou a atacar o Executivo e o Ministério do Interior a que de novo reprovou sua passividade perante os agrupamentos.
O Ennahda foi eleito em outubro de 2011 para governar o país com 42% dos assentos do Parlamento. Além do tradicional embate entre propostas religiosas e seculares, a administração tunisiana enfrenta manifestações contra a crise econômica, causada pela queda do consumo na zona do euro.
(*) com agências de notícias internacionais