O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou de uma reunião sobre aquisição de doses da vacina russa Sputnik V em novembro do ano passado. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (15/03) pelo ex-ministro da Saúde e deputado federal por São Paulo Alexandre Padilha em conversa com a Revista Fórum.
Segundo Padilha, o diretor do Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF), Kirill Dmitriev, disse que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, teria incentivado a reunião com Lula. “Pode contar, Lula tem mais horas de reunião buscando soluções sobre a pandemia com ex-ministros, lideranças internacionais, pesquisadores, produtores de vacina, do que o Bolsonaro tem com o seu Ministério e seu generalato”, afirmou o ex-ministro.
O deputado disse que a conversa foi de extrema importância pois “abriu a relação do fundo russo com o Consórcio do Nordeste”. O Consórcio do Nordeste, grupo composto por governadores de nove estados da região, anunciou a compra de 37 milhões de doses da vacina Sputnik V, desenvolvida pelo instituto russo Gamaleya.
A notícia foi divulgada um dia após a publicação, em 10 de março, de uma lei que autoriza estados e municípios brasileiros de adquirir e comprar vacinas.
Na sexta-feira (12/03), o Ministério da Saúde do Brasil fechou um contrato com o Fundo Soberano da Rússia para a compra de 10 milhões de doses do imunizante.
Ricardo Stuckert
Petista manteve diálogo com Rússia e China para viabilização de insumos contra covid-19
O interesse em abrir diálogo com o ex-presidente Lula partiu do diretor do fundo russo, segundo informação de Bela Megale, colunista do jornal O Globo.
O diretor teria descoberto que Lula era um dos signatários de um abaixo-assinado em defesa da distribuição da vacina de forma gratuita para todos, proposto pelo Nobel da Economia Muhammad Yunus.
Foram convidados para a reunião, via videoconferência, além de Padilha, outros ex-ministros da Saúde, José Gomes Temporão e Arthur Chioro.
Além do Estado do Paraná, com quem o governo russo teve as primeiras tratativas para compra da vacina, muitas outras frentes no Brasil poderiam ser abertas, contou Padilha à coluna, e destacou que o “interesse pelo volume de vacinas era maior e envolvia vários estados brasileiros. Isso fortaleceu o acordo de milhões de vacinas firmado com os estados do nordeste”.
Carta à China
Em janeiro deste ano, os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff também se mobilizaram para intermediar o envio de insumos para a produção de vacinas, que vinha da China e estava atrasado. Os petistas enviaram uma carta ao presidente chinês Xi Jinping elogiando a condução da pandemia no país e com críticas ao “negacionismo” e “incivilidade” de Jair Bolsonaro.