As sanções anunciadas na última segunda-feira (09/03) pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, contra a Venezuela não afetam o setor petroleiro, as relações comerciais ou a economia de modo geral no país sul-americano. No entanto, de acordo com o cônsul-geral da Venezuela no Rio de Janeiro, Edgar González, o governo do presidente Nicolás Maduro considera que, para além de punições mais específicas, o próximo passo da Casa Branca pode ser a imposição de um bloqueio econômico. O mandatário venezuelano, como explica o diplomata em entrevista exclusiva a Opera Mundi, já toma iniciativas para o caso de medidas mais drásticas serem adotadas pelos EUA.
Agência Efe
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Em declarações por telefone, González esclareceu que, por temer a iminência de punições mais profundas, o governo venezuelano está denunciando “diante dos povos do mundo a gravidade da situação”. Ainda de acordo com o cônsul, um bloqueio deste tipo pode ser uma forma de preparar uma “intervenção militar [norte-americana] em nosso país”.
De fato, alguns congressistas conservadores dos Estados Unidos, principal comprador de petróleo venezuelano, já pedem que Obama imponha sanções econômicas ao país caribenho, começando por uma redução de 10% nas importações petroleiras. Publicamente, legisladores e outros setores da política dos EUA nunca chegaram a pressionar pela imposição de um bloqueio — ação que poderia ser recebida como contraditória, tendo em vista a recente reaproximação dos EUA com Cuba e o consequente aumento da pressão para pôr fim ao embargo à ilha.
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De acordo com González, a imposição das sanções a sete altos funcionários venezuelanos “banalizou” a posição dos chanceleres de Brasil, Equador e Colômbia que, em uma missão da Unasul, visitaram o país na última semana para intermediar um diálogo entre governo e oposição e assim contribuir para solucionar os problemas existentes no país.
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O cônsul disse ainda que o governo venezuelano considera a via diplomática e política e está “aberto e com a maior disposição para que as diferenças sejam solucionadas, mas com respeito à soberania venezuelana”.
Com relação aos questionamentos feitos a partir do pedido de Maduro à Assembleia Nacional para poder governar por decreto — dispositivo legal aprovado pelo Legislativo venezuelano em primeiro turno nesta quarta-feira (11/03) —, González reiterou que “não há contradição quando um governo pede poderes para responder a uma ameaça internacional e não há nada de particular nessa medida que foi tomada para facilitar as coisas”.
Ele lembrou também que Maduro chamou diversas vezes a oposição para o diálogo, mas em fevereiro foi planejado um golpe em uma ação chamada “operação Jericó” em que se pretendia matar o mandatário. Tal operação vem sendo reiteradamente denunciada pelo país e provocou a detenção do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma em fevereiro.
Carlos Latuff
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