Sábado, 19 de julho de 2025
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As sanções anunciadas na última segunda-feira (09/03) pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, contra a Venezuela não afetam o setor petroleiro, as relações comerciais ou a economia de modo geral no país sul-americano. No entanto, de acordo com o cônsul-geral da Venezuela no Rio de Janeiro, Edgar González, o governo do presidente Nicolás Maduro considera que, para além de punições mais específicas, o próximo passo da Casa Branca pode ser a imposição de um bloqueio econômico. O mandatário venezuelano, como explica o diplomata em entrevista exclusiva a Opera Mundi, já toma iniciativas para o caso de medidas mais drásticas serem adotadas pelos EUA.

Agência Efe

Característicos em Caracas, dizeres em muro pedem que gringos respeitem a Venezuela 

Em declarações por telefone, González esclareceu que, por temer a iminência de punições mais profundas, o governo venezuelano está denunciando “diante dos povos do mundo a gravidade da situação”. Ainda de acordo com o cônsul, um bloqueio deste tipo pode ser uma forma de preparar uma “intervenção militar [norte-americana] em nosso país”.

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De fato, alguns congressistas conservadores dos Estados Unidos, principal comprador de petróleo venezuelano, já pedem que Obama imponha sanções econômicas ao país caribenho, começando por uma redução de 10% nas importações petroleiras. Publicamente, legisladores e outros setores da política dos EUA nunca chegaram a pressionar pela imposição de um bloqueio — ação que poderia ser recebida como contraditória, tendo em vista a recente reaproximação dos EUA com Cuba e o consequente aumento da pressão para pôr fim ao embargo à ilha.

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De acordo com González, a imposição das sanções a sete altos funcionários venezuelanos “banalizou” a posição dos chanceleres de Brasil, Equador e Colômbia que, em uma missão da Unasul, visitaram o país na última semana para intermediar um diálogo entre governo e oposição e assim contribuir para solucionar os problemas existentes no país.

Agência Efe

Integrantes das missões sociais do governo fizeram uma manifestação nesta quarta em apoio a Maduro

Em entrevista exclusiva, o diplomata Edgar González diz que o governo venezuelano considera que medidas mais drásticas, como um embargo, podem ser adotadas pela Casa Branca

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O cônsul disse ainda que o governo venezuelano considera a via diplomática e política e está “aberto e com a maior disposição para que as diferenças sejam solucionadas, mas com respeito à soberania venezuelana”.

Com relação aos questionamentos feitos a partir do pedido de Maduro à Assembleia Nacional para poder governar por decreto — dispositivo legal aprovado pelo Legislativo venezuelano em primeiro turno nesta quarta-feira (11/03) —, González reiterou que “não há contradição quando um governo pede poderes para responder a uma ameaça internacional e não há nada de particular nessa medida que foi tomada para facilitar as coisas”.

Ele lembrou também que Maduro chamou diversas vezes a oposição para o diálogo, mas em fevereiro foi planejado um golpe em uma ação chamada “operação Jericó” em que se pretendia matar o mandatário. Tal operação vem sendo reiteradamente denunciada pelo país e provocou a detenção do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma em fevereiro. 

Carlos Latuff

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