Moradores das ilhas Malvinas irão às urnas a partir deste domingo (10/03) para definir se querem que o arquipélago do Atlântico Sul permaneça na condição de território ultramar britânico. Mais de 1,6 mil eleitores devem participar do referendo sobre a soberania do território, reivindicado pela Argentina.
Efe (01/03/2013)
A soberania das ilhas Malvinas é assunto frequente nos discursos de Cristina Kirchner, que pede diálogo ao Reino Unido
Para o Reino Unido, cabe aos moradores do arquipélago do Atlântico Sul, chamado de Falkland pelos ingleses, decidir a que país o território pertence. No entanto, esta é a primeira vez que os ilhéus são consultados sobre seu status político. A Argentina, por sua vez, classifica a medida como um golpe publicitário, “carente de boa fé”.
Em comunicado, a chancelaria do país afirma que “em vez de cumplir com suas obrigações internacionais, retomando negociações com a Argentina” para resolver a controvérsia, o Reino Unido pretende “tergiversar a verdadeira condição política das ilhas, através do “disfarce de um hipotético referendo”.
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Segundo a pasta, a iniciativa britânica “não encontra sustentação em nenhuma das 40 resoluções [da Organização] das Nações Unidas” sobre a disputa pela soberania das Malvinas, que deveria ser resolvida “por meio de negociações bilaterais, tendo em conta os interesses dos habitantes das ilhas”.
Em entrevista à imprensa inglesa, a embaixadora argentina em Londres, Alicia Castro, disse que o referendo “não tem nenhum efeito do ponto de vista do direito internacional”, antes de aludir às consecutivas resoluções da ONU que estabelecem que ambos os países devem resolver a polêmica na mesa de negociações.
As ilhas reivindicadas pela Argentina estão localizadas a cerca de 500 quilômetros de seu litoral, mas são ocupadas pelos britânicos desde 1883. Em 1982, no final da ditadura cívico militar da Argentina, o ex-ditador Leopoldo Galtieri enviou tropas ao arquipélago, dando início a uma guerra com o Reino Unido pelas ilhas.
Atualmente, as Malvinas têm uma população de quase três mil pessoas. No referendo, os eleitores deverão responder “sim” ou “não” para a pergunta “Você quer que as ilhas Falklands mantenham seu status político atual como território do Reino Unido de ultramar?”.
Na cédula de votação, haverá um preâmbulo no qual se afirma que o status político do arquipélago é o de território do Reino Unido, e que o referendo responde ao pedido argentino de negociações. Segundo o governo local, o texto também especificará que, caso a resposta majoritária seja “não”, um novo referendo seria aberto com opções alternativas ao atual status político.
*Com agências de notícias.
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