Reprodução/VTV
Em uma Assembleia Nacional já de maioria oficialista, a bancada do Copei (partido social-cristão) se destacou pode ser a única da oposição a comparecer ao juramento de Nicolás Maduro como presidente interino.
A maioria dos partidos da MUD (Mesa de Unidade Democrática) decidiu boicotar o evento. Na cerimônia desta sexta-feira (08/03), o ex-vice-presidente venezuelano fez menção especial aos parlamentares, saudando sua presença.
Um deles, Pedro Pablo Fernández, criticou a posse de Maduro, dizendo que o presidente da casa, Diosdado Cabello, deveria ter assumido o posto, mas também observou que a oposição do país está se afastando do debate real, que em sua opinião é o eleitoral. A Venezuela deve realiza eleições em breve e o candidato do chavismo será Maduro.
“Quando nos retiramos da Assembleia Nacional e não participamos [das eleições] em 2005, a AN ficou vermelha. Esse Supremo Tribunal de Justiça foi designado por um Parlamento ao qual nós devemos comparecer”, disse Fernández. De acordo com ele, a discussão sobre a decisão judicial, que interpretou que Maduro deveria assumir a presidência interina, “nos afasta do debate eleitoral”.
Para o deputado do Copei, o candidato da oposição – que para o Copei deve ser Henrique Capriles – deve ir para as ruas fazer campanha. “O debate constitucional não é o debate que os venezuelanos levarão em conta na hora do voto. É uma decisão que no final não afeta nem a nós nem as eleições.”
“Quero ver Capriles percorrendo o país, como já fez”, continuou, em referência à campanha do governador de Miranda ano passado, quando enfrentou Hugo Chávez nas urnas, em 7 de outubro. Na ocasião, Chávez venceu com mais de 54% dos votos.
Para o deputado, não há dúvidas de que o político do partido Primeiro Justiça deve ser a escolha da MUD. De acordo com Fernández, “quando a oposição mais perdeu foi quando mais se radicalizou. A radicalização favorece o governo. Não podemos perder um dia sequer, temos que estar presentes e começar a conquistar novos espaços”, concluiu.
Além de Fernández, compareceram à AN Roberto Enríquez, Ricardo Sánchez e Carlos Vargas.
Capriles
Ontem, uma hora antes de Maduro ser juramentado como presidente interino da Venezuela, Capriles realizou uma coletiva de imprensa, na qual fez duras críticas ao chavista. Ele chamou Maduro de mentiroso e disse que a posse é “espúria” e que no país “o poder não é passado através de decretos”.
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Se justificando por convocar a coletiva em meio ao luto nacional, o provável candidato na próxima eleição presidencial falou que, desde terça-feira (05/03) – data da morte do presidente –, até hoje, “havia guardado silêncio por respeito e consideração”, mas com o juramento de Maduro, decidiu se manifestar.
Capriles afirmou que “ninguém elegeu Maduro como presidente”, em referência ao fato de, na Venezuela, vice-presidentes serem indicados diretamente pelo chefe de Estado. “O povo não votou por você, Nicolás. O poder na Venezuela não é passado por decretos, te digo muito claro, Nicolás”, continuou o governador de Miranda.
Ele qualificou a decisão do Supremo como uma “fraude constitucional (…) Em uma hora na qual o vice-presidente da República vai ser juramentado como presidente, e colocam depois a palavra “interino”. Para ser presidente o povo deve ter votado”, seguiu. “Nicolás, ninguém te elegeu presidente, rapaz. O povo nunca votou por você”, e provocou: “Qual é o medo Nicolás?”.