A situação das mulheres marroquinas tem melhorado, mas o nível econômico do país e a existência de bolsões de pobreza dificultam a aplicação da Moudawana, lei que reduziu a diferença entre direitos e deveres de homens e mulheres, segundo a arabista e especialista em questão de gênero Alicia del Olmo.
Ela considera natural que as mudanças sejam lentas num país onde 60% da população feminina é analfabeta, mas acredita que, mais do que a mentalidade e educação do povo marroquino, é necessário mudar a mentalidade dos juízes.
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Alicia acha que a lei é muito positiva, principalmente quando se leva em conta que outros países muçulmanos ainda não fizeram nenhuma reforma do gênero por temer uma reação dos fundamentalistas islâmicos, como Argélia e Jordânia.
No Marrocos, ela ocorreu porque o rei Mohammed VI, autoridade máxima religiosa, aproveitou um momento de debilidade do fundamentalismo, após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, e publicou a reforma, elaborada pelo Parlamento.
A Moudawana na Espanha
Na Espanha, onde vivem aproximadamente 650 mil marroquinos, a lei também não tem sido respeitada. Segundo a marroquina Mariam Bejouki, integrante da junta diretiva da Atime (Associação de Trabalhadores e Imigrantes Marroquinos na Espanha), apesar da existência de acordos de divórcio entre os governos marroquino e espanhol, imigrantes tentam se separar e não conseguem.
“Muitas marroquinas que vivem aqui necessitam pedir um divórcio, reclamar suas pensões, mas a Embaixada e os consulados não aplicam a lei. As experiências que tivemos demonstram que muitas vezes, os funcionários não a cumprem porque não a conhecem. Reivindicamos que a lei seja aplicada e que os funcionários desses órgãos sejam treinados e reciclados”, afirmou Bejouki ao Opera Mundi.
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