Em um dos maiores surveys de sua história, o instituto de pesquisas GovernanceMetrics International revelou que, no último ano, os salários dos CEO’s norte-americanos passaram por aumentos que vão dos 27 aos 40%. O anúncio surge no momento em que cenário econômico do país é marcado pelo arrocho salarial da maioria da população, isto é, quando os rendimentos de cada cidadão não conseguem acompanhar o ritmo de crescimento das taxas inflacionárias. As infomações são do jornal britânico The Guardian
Esse contexto de ampliação do abismo entre os mais ricos e os mais pobres intensifica-se justamente no momento em que movimentos como o Occupy Wall Street contestam a configuração e os excessos do sistema financeiro mundial. Para se ter uma idéia da dimensão da desigualdade social nos EUA, o último índice Gini calculado para o país coloca seu cenário sócio-econômico no mesmo patamar que o de Uganda, uma das nações mais pobres do mundo.
Os executivos norte-americanos mais bem pagos foram agraciados em 2010 com valores que chegam a mais de 145 milhões de dólares. Mais além, com a recuperação do ânimo dos mercados naquele período, o crescimento de seus lucros em bolsas de valores chegou à casa dos 70%.
A pesquisa abarcou 2647 companhias e, ao somar os rendimentos dos 10 executivos mais bem pagos chegou ao valor de 770 milhões de dólares. Nem mesmo o acréscimo de 17% no valor dos papéis negociados em bolsas no ano de 2010 foi suficiente para acompanhar a alavancagem de mais de 27% nos salários da elite empresarial norte-americana.
Paul Hodgson, um dos responsáveis pela pesquisa do GMI, lembrou que “os salários de todos os outros trabalhadores ou estagnaram ou foram reduzidos nesse período”. O pesquisador já esperava números elevados no caso dos executivos, mas a faixa que vai dos 27 aos 40% o surpreendeu.
John Hammergren faturou 145 milhões de dólares como CEO da McKesson.
Outra surpresa suscitada pela pesquisa diz respeito a quem especificamente integra a lista dos 10 mais bem pagos. Nenhum banqueiro sequer integra a lista enquanto que, por outro lado, três pertencem ao setor de saúde. O mais bem pago do ano foi John Hammergren, chefe da McKesson, a maior prestadora de serviços de saúde do mundo, responsável, em 2010, por uma receita de mais de 100 bilhões de dólares. Mais além, ele muito provavelmente terá seu rendimento milionário elevado de 145 para 469 milhões de dólares.
Mas nem tudo foi bonança. A pesquisa do GMI também aponta 2010 como o ano mais suscetível a demissões e aposentadorias por parte dos grandes executivos. Quatro dos 10 mais bem pagos ou se aposentaram ou foram demitidos em 2010. Desde quando assumiu seu cargo, em 2006, até sua aposentadoria, ano passado, Ronald Williams, executivo da prestadora de serviços médicos Aetna e dono de um rendimento de mais de cinco milhões de dólares, viveu uma queda de 70% no valor das ações de sua companhia. Thomas Ryan, da farmacêutica CVS, ganhou 28 milhões de dólares naquele ano, mas, ainda assim, encara uma queda de 54% no valor dos papéis de sua companhia ao longo dos 13 anos de sua gestão.
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