O governo do México anunciou neste domingo (07/04) que apresentará uma denúncia contra o Equador na Corte Internacional de Justiça (CIJ), principal órgão judicial ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), com sede na cidade holandesa de Haia.
A iniciativa busca condenar a invasão da Embaixada mexicana em Quito por parte da Polícia Nacional do Equador, realizada na madrugada entre sexta-feira (05/04) e sábado (06/04), que resultou na captura do ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, que estava residindo na sede diplomática desde dezembro passado, com a alegação de ser alvo de uma perseguição judicial.
Segundo a chanceler mexicana Alicia Bárcena Ibarra, o governo mexicano “irá apelar à CIJ e a todas as instâncias regionais e internacionais relevantes” para denunciar o que considera como uma “grave violação à imunidade diplomática da nossa sede em Quito”.
Bárcena acrescentou que a denúncia à CIJ vai incluir “provas das graves agressões sofridas pelo nosso pessoal diplomático, por ação dos policiais equatorianos”. A chanceler afirma que o caso representa uma “violação flagrante da Convenção Americana sobre Asilo Diplomático e à Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas”, e lembrou que tanto o México quanto o Equador são signatários do tratado.
Neste sábado (06/04), horas depois de o presidente Andrés Manuel López Obrador anunciar o rompimento de relações com o Equador, o Ministério de Relações Exteriores do México publicou um comunicado informando aos mexicanos residentes no país sul-americano que a assistência aos seus casos passará a ser realizada através do Sistema de Cadastro de Pessoas Mexicanas no Exterior, ou através das Embaixadas na Colômbia e no Chile.
Asilo a Jorge Glas
A reação mexicana ocorre em função de um operativo policial equatoriano que teve como objetivo impedir que o ex-vice-presidente do país, Jorge Glas, pudesse aceder ao asilo político que recebeu de López Obrador na sexta-feira (05/04). Ele aguardava um salvo-conduto para poder viajar à Cidade do México, mas a ação da polícia equatoriana o levou de volta à prisão.
O político equatoriano, que foi vice-presidente do país entre 2013 e 2017, durante o último mandato de Rafael Correa, estava vivendo na Embaixada do México desde dezembro de 2023.
Em novembro de 2022, após cumprir seis anos em regime fechado, Glas recebeu o benefício da liberdade condicional, com a qual passou a cumprir o que restava da sua pena (de oito anos) em prisão domiciliar.
No entanto, com a vitória do extremista de direita Daniel Noboa nas eleições presidenciais de 2023, e temendo uma pressão política ao Judiciário para que o benefício da condicional fosse retirado, o político decidiu buscar apoio na embaixada mexicana.