O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, anunciou nesta sexta-feira (05/04) que seu governo está disposto a conceder asilo político ao ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas.
O político se encontra dentro da Embaixada mexicana em Quito desde dezembro de 2023, onde pediu refúgio diante da condenação que sofreu na Justiça equatoriana, em processo que utilizou documentos da Operação Lava-Jato ligados aos negócios internacionais das empreiteiras OAS e Odebrecht.
Em um comunicado, o governo mexicano afirmou que a decisão de López Obrador “será comunicada oficialmente às autoridades equatorianas juntamente com o pedido para que concedam o respectivo salvo-conduto, de acordo com a Convenção de Asilo Diplomático de 1954, tratado internacional do qual o México e o Equador são Estados Partes”.
Em uma coletiva de imprensa realizada esta manhã, o próprio presidente mexicano pediu ao governo equatoriano uma “colaboração para que Jorge Glas possa usufruir deste benefício que estamos entregando a ele, permitindo que ele possa viajar ao nosso país”.
Vice-presidente do Equador entre maio de 2013 e novembro de 2017 – durante o último mandato de Rafael Correa –, Glas já cumpriu seis anos de prisão no Equador, em função de uma condenação que sofreu em 2017, a partir de documentos da Operação Lava Jato relativos a contratos internacionais das empreiteiras OAS e Odebrecht. Ele afirma que a ação judicial fez parte de uma operação de “lawfare” (perseguição judicial), similar a que sofreu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também por obra da Lava Jato.
Em novembro de 2022, Glas recebeu o benefício da liberdade condicional, com a qual passou a cumprir o que restava da sua pena (de oito anos) em prisão domiciliar.
No entanto, com a vitória do extremista de direita Daniel Noboa nas eleições presidenciais de 2023, e temendo uma pressão política ao Judiciário para que o benefício da condicional fosse retirado, o político decidiu buscar apoio na embaixada mexicana.
Em março, segundo a imprensa local, a polícia do Equador chegou a cogitar uma invasão da embaixada mexicana, sustentada por uma determinação da Justiça, mas acabou desistindo da ideia após o governo de Obrador ameaçar romper relações comerciais com o país caso a ação fosse realizada.