Após a escalada de violência contra imigrantes na África do Sul, o governo de Moçambique anunciou nesta sexta-feira (17/04) que decidiu fechar parte de sua fronteira terrestre. Há dias, o país vizinho tem sido palco de uma onda de xenofobia contra estrangeiros provenientes de nações africanos e asiáticos.
Os ataques têm sido realizados por cidadãos sul-africanos que exigem que imigrantes deixem o país. Recentemente, os estrangeiros, que criticaram a falta de proteção concedida pelo governo sul-africano, começaram a se armar sob a justificativa de autodefesa.
EFE
Manifestantes protestam na cidade de Joanesburgo contra onda de xenofobia que atinge país
“Doze suspeitos foram detidos por tentar atacar lojas que eram propriedade de estrangeiros”, afirmou à AFP um porta-voz da polícia local. Já um fotógrafo da Reuters disse que a polícia sul-africana disparou nesta manhã balas de borracha e uma granada de efeito moral para dispersar um grupo de imigrantes armados com facões em Joanesburgo.
Pelo menos seis pessoas foram mortas em virtude da onda de violência que começou há três semanas na cidade portuária de Durban e se intensificou nas últimas horas, estendendo para o resto do país.
Ontem, o presidente sul-africano, Jacob Zuma, condenou “nos termos mais duros possíveis” a violência xenófoba que atinge o território nacional. “A frustração ou o medo não podem justificar ataques assim”, afirmou, acrescentando que as Forças Armadas transferiram 350 soldados para trabalhar como oficiais de imigração na fronteira.
EFE
Policiais fazem patrulha em torno de fronteira entre Moçambique e África do Sul: região é foco de ataques
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De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), mais de 5.000 estrangeiros – provenientes sobretudo de Moçambique, do Malauí e do Zimbábue – foram deslocados por conta dos recentes episódios. Expressando preocupação com o atual panorama, a agência para refugiados do órgão (Acnur) explicou que a maior parte deles é imigrante sem documentação em busca de asilo e refúgio na África do Sul.
“Os moçambicanos estão preparados para voltar para as suas casas para não arriscar as suas próprias vidas” afirmou à Radio France Internationale um dos deslocados que pediu anonimato, em um centro de acolhimento das Nações Unidas em Durban.
EFE
Mulher lava roupas em acampamento para refugiados em Durban: milhares buscam acolhimento após ataques
Muitos sul-africanos acusam imigrantes de serem responsáveis por tirar trabalho e trazer criminalidade à nação, criticando o governo pela suposta tolerância excessiva com os estrangeiros que chegam sem documentação no país.
A violência teve início após o rei zulu, Goodwill Zwelithini, declarar publicamente que os estrangeiros deveriam “fazer as malas e ir embora” da África do Sul. Posteriormente, ele afirmou que seus comentários foram mal interpretados.
Outra onda semelhante aconteceu no país em 2008, quando distúrbios xenofóbicos deixaram 62 mortos e milhares de deslocados.