Além de anunciar um programa de reformas pela internet, o chefe de governo italiano, Mario Monti, afirmou neste domingo (23/12) que não se candidatará às eleições gerais de fevereiro. No entanto, disse estar pronto para dirigir o país como primeiro-ministro, caso seja “a vontade do Parlamento”.
“Para as forças que manifestam uma adesão convicta e crível ao programa Monti, estou pronto para dar minha opinião, o meu apoio, e se me pedirem, a dirigi-los”, declarou Monti em uma coletiva de imprensa realizada pela manhã.
“Estou pronto para assumir um dia, se as circunstâncias o justificarem, as responsabilidades que seriam atribuídas a mim pelo Parlamento”, prosseguiu Monti, de 69 anos.
Agência Efe
Mario Monti anuncia, em coletiva, intenção de continuar na chefia do governo italiano
Monti anunciou a publicação na internet de “um programa para mudar a Itália e reformar a Europa”, apresentado como “uma agenda para um engajamento comum, uma primeira contribuição para uma discussão aberta”.
De acordo com ele, os pontos-chave da agenda são a criação de uma nova lei anti-corrupção, um programa de liberalizações e uma reforma da lei eleitoral, com “muito rosa e muito verde”, cogitando maior espaço às mulheres e ao meio ambiente.
Monti, que terá o socialista Pier Luigi Bertsani, do PD (Partido Democrático) como principal adversário no próximo pleito, afirma que o principal para o país agora é “não destruir os duros sacrifícios que os italianos tiveram que fazer” durante o ano passado. Ele também fez um balanço de seus 400 dias à frente do país, ao mesmo tempo em que atacou o seu antecessor e rival, Silvio Berlusconi. Bersani já anunciou que, se eleito, irá continuar no caminho das reformas.
O governo Monti foi marcado por duros ajustes fiscais, seguindo o modelo de austeridade propagado pela troika e a chanceler alemã Angela Merkel, que deixou o país em recessão e aumentou os níveis de desemprego.
“A crise financeira foi superada” e “sem a ajuda europeia ou do FMI”, como muitos sugerem, comemorou. “Os italianos podem manter a cabeça erguida como cidadãos europeus.
Uma alfinetada foi guardada para o PdL (Povo da Liberdade), de Berlsuconi, responsável por sua saída prematura ao retirar ao do governo.
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Monti criticou com ironia Berlusconi, expressando a sua “consternação” com suas declarações contraditória. “Eu tenho muita dificuldade em seguir a linearidade do seu pensamento (…) Há um quadro de compreensão mental que me escapa”, lembrando que o seu antecessor havia qualificado os seus resultados à frente do país como um “desastre”, quando dias antes o chamou para liderar uma coalizão moderada.
Ao atacar uma das promessas de Berlusconi, de suprimir o IMU, imposto muito impopular sobre a propriedade, Monti advertiu: “se retirarmos a IMU, no ano seguinte ele retornará em dobro”.
Além de Bersani, outro adversário deverá ser o próprioBerlusconi, em campanha desde o início de dezembro. “Não há nada para salvar do governo Monti”, disse o ex-premiê no sábado, prosseguindo com seu discurso anti-impostos e anti-euro.
Em paralelo, o seu partido PdL pediu ao presidente Giorgio Napolitano para assegurar a “neutralidade” de Monti durante a campanha.
As pesquisas, no entanto, não são animadoras para Mario Monti. De acordo com o instituto SWG, o presidente do Conselho conquistaria apenas seis pontos e não teria força o bastante na formação do próximo governo.
A mesma pesquisa mostra que 60% italianos são contra a candidatura política de Monti.
Isso explicaria a postura cautelosa adotada pelo burocrata neste domingo, o que o deixa “na reserva da República” como primeiro-ministro, caso não haja maioria clara no Parlamento.
(*) com agências de notícias internacionais