O governo egípcio condenou nesta quarta-feira (27/11) um grupo de ao menos 14 mulheres partidárias do presidente deposto Mohamed Mursi a 11 anos de prisão, metade delas menores de idade. O motivo da sentença foi uma manifestação supostamente ilegal no dia 31 de outubro, na cidade de Alexandria. O tribunal também ordenou a detenção de cerca de 20 ativistas seculares, por participação em protestos.
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As jovens apoiadoras de Mursi foram condenadas por participar de uma “organização terrorista”, segundo a AFP, ainda que só tenham interrompido o tráfego e soltado balões em um comício que pedia o retorno do ex-presidente. As sete menores do grupo, a mais nova com 15 anos, devem ficar em um centro de detenção juvenil até completarem 18 anos. Seis homens, membros da Irmandade Muçulmana, foram condenados a 15 anos de prisão por incitar as meninas a se rebelar.
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“O Egito deixou de ser um Estado de direito. Essa é uma sentença plenamente política. O Poder Executivo acabou com a independência do Poder Judiciário”, declarou Ahmad Hamrawy, responsável pela equipe de advogados que defende as meninas, à Al Jazeera. “Isso é algo nunca visto na história do país. Não se pode esquecer que várias delas são menores, de 15, 16 anos”.
Agência Efe
Manifestantes seguram cartazes em árabe contra nova lei aprovada por governo interino do Egito
Há dois dias, o governo interino aprovou uma lei que prevê penas de prisão ou multas pesadas para as demonstrações públicas, o que, na prática, deve banir os protestos de rua no Egito. Também hoje, o primeiro-ministro interino, Hazem el-Beblawi, defendeu a nova lei, que também exige que os manifestantes tenham permissão para realizar passeatas e marchas, como um “passo necessário”.
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“O gabinete do governo confirma que aplicará a lei integralmente para mostrar o seu apoio à polícia em face do terrorismo. A lei está sujeita a mudanças, mas por meio dos canais apropriados”, afirmou, em uma coletiva de imprensa.
Protestos
Depois da aprovação da lei, houve protestos no Cairo hoje tanto por parte de partidários de Mursi quanto de seus opositores à nova norma. Inesperadamente, o Ministério do Interior afirmou que havia aprovado a marcha, ainda que seus organizadores tenham negado ter feito um pedido de permissão.
O Ministério diz que o pedido foi feito pelo pai de Salah Ahmed Mohamed, conhecido como “Jika”, o primeiro manifestante morto durante a posse de Mursi. O comício desta quarta só foi anunciado de manhã, dando às autoridades bem menos tempo do que o necessário para analisar a solicitação de permissão.
O governo de Beblawi tem se tornado cada vez mais impopular e a nova lei pode aumentar a rejeição: até mesmo alguns partidários, como o grupo Tamarod, que organizou os protestos que precederam a deposição de Mursi, consideraram a legislação forte demais. Muitos de seus membros foram presos enquanto protestavam contra a norma ontem, na cidade de Aswan.
“Eles já tinham um partido contra eles, a Irmandade Muçulmana”, afirmou Magdi Hussein, um membro do Tamarod que participou das manifestações de terça-feira. “Não sei por que aprovaram essa lei. Vão fazer um outro grupo ficar contra eles”.