O candidato presidencial da Aliança de Oposição contra a Ditadura, Salvador Nasralla, pediu nesta terça (06/12) ao Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) fazer uma recontagem de todas as 18.103 atas eleitorais e comparar assinaturas dos livros de presença, ou, então um segundo turno entre ele e o presidente Juan Orlando Hernández – só há primeiro turno no país.
Inicialmente, Nasralla havia pedido a revisão de 5.174 atas (30% dos votos), nas quais considerou que estava a fraude que teria sido cometida pelo TSE para dar a vitória a Hernandez, conhecido como JOH.
Por sua vez, JOH disse nesta terça estar disposto à revisão total do processo eleitoral do último dia 25 de novembro. “Estamos abertos a que se coteje, que se revise, uma duas, três, quantas [vezes] sejam, não temos nenhum problema”, disse, durante discurso na sede do Partido Nacional.
“As pessoas sabem que estas eleições foram manipuladas como nunca antes na história”, afirmou Nasralla em uma entrevista coletiva de imprensa em que apresentou novamente as supostas irregularidades observadas pela comunidade internacional no pleito.
O coordenador da Aliança, Manuel Zelaya, pediu novamente ao TSE para cumprir com as 11 exigências feitas pela coalizão. Ele lembrou que, no informe da Organização de Estados Americanos (OEA), se indicaram várias irregularidades – entre as quais, “algumas maletas (com material eleitoral) chegaram ao Infop (Instituto Nacional de Formação Profissional) abertas ou incompletas, em ocasiões faltando a ata, folhas de incidência e cadernos de votação, algumas não continham nenhum dos mecanismos de segurança”.
“Estamos ganhando a batalha, a comunidade internacional encontrou milhares de inconsistências neste processo”, disse Nasrallla.
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Reprodução/Facebook
Nasralla quer recontagem total ou segundo turno em Honduras
Protestos começaram em Honduras pela demora do TSE em dar os resultados eleitorais em definitivo e a acusação de suposta fraude para tirar a vitória de Nasralla, que tinha uma vantagem de cinco pontos sobre Hernández com mais de 50% das atas escrutadas. Mas, logo após uma “queda no sistema”, a brecha entre os candidatos se reduziu até favorecer JOH.
Atualmente, está em vigor um estado de sítio e toque de recolher em Honduras, onde a polícia realizou uma greve em rechaço à repressão contra os manifestantes.
Golpe de 2009
O ex-presidente Manuel Zelaya, então membro do Partido Liberal de Honduras, foi vítima de um golpe cívico-militar em 2009, penúltimo ano de seu mandato, sob a alegação de que estaria manobrando reformas na constituição. Os EUA, Brasil, membros da União Europeia e outros países condenaram o golpe, pedindo a restituição da legalidade no país.
Zelaya pretendia realizar uma consulta popular para saber se haveria a necessidade de uma reforma constitucional. O golpe gerou uma grave quebra de ordem, provocando um colapso econômico no país.
Em junho de 2012, sua esposa, Xiomara Castro, se candidatou à presidência pelo Libre, com o apoio de Zelaya. No entanto, o racha entre o seu partido e o também opositor Partido Anticorrupção (PAC), não conseguiu ameaçar a hegemonia do Partido Nacional, que venceu as eleições de 2013, elegendo JOH.
Zelaya formou então, em 2017, uma coalização entre os dois partidos de oposição, apoiando Nasralla, em uma tentativa de ameaçar a reeleição de JOH, que só pôde concorrer ao pleito do último domingo graças a uma polêmica emenda constitucional que dribla a proibição de um segundo mandato no país.
(*) Com teleSUR