O presidente da França, Emmanuel Macron, recebeu nesta segunda-feira (29/05) o presidente da Rússia, Vladimir Putin, no Palácio de Versalhes, na primeira visita de um chefe de Estado estrangeiro ao novo líder francês, empossado há duas semanas.
Os dois tiveram uma conversa “difícil”, porém “franca”, disse Macron em conferência de imprensa conjunta após a reunião de quase três horas na antiga corte dos reis da França. O encontro se deu a propósito da inauguração de uma exposição sobre a visita realizada neste recinto pelo czar Pedro, o Grande, em 1717 e sobre os 300 anos de relações diplomáticas entre Rússia e França.
O presidente francês, no entanto, disse que a “amizade franco-russa” foi o centro da conversa e que os dois líderes debateram seus pontos de desacordo “em uma franca troca de ideias”.
Putin afirmou que eles têm diferenças, mas que há também muitas visões comuns e que as relações entre França e Rússia podem ser melhoradas “qualitativamente”.
“Buscamos um terreno comum sobre questões chave da agenda internacional. E eu acredito que somos capazes de pelo menos tentar começar a resolver problemas contemporâneos juntos”, disse o presidente russo, que convidou Macron para uma visita oficial a Moscou.
“Nenhum grande problema mundial pode ser resolvido sem a Rússia”, disse o presidente francês, acrescentando que pretende intensificar a cooperação com Moscou, especialmente em relação à guerra na Síria, questão que demanda “uma solução política inclusiva”.
Agência Efe
Vladimir Putin e Emmanuel Macron caminham pelo Palácio de Versalhes, nos arredores de Paris, nesta segunda-feira (29/05)
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Macron também disse que o combate ao Estado Islâmico segue sendo “prioridade absoluta” para a França, que já sofreu vários ataques reivindicados pelo grupo terrorista. Esta é uma das razões para reforçar a cooperação com a Rússia, disse o presidente francês, em referência à atuação russa na Síria ao lado do governo de Bashar al Assad contra o EI.
Macron ressaltou, porém, que o uso de armas químicas é uma “linha vermelha” que não deve ser ultrapassada, e que o uso de tal armamento na Síria por quaisquer atores na guerra teria “resposta imediata” da França.
Putin disse que, além da Síria, Rússia e França estão determinadas a cooperar para resolver as crises na Ucrânia e na Península Coreana, assim como combater integralmente o terrorismo, questão que será tratada por um grupo de trabalho que será criado pelos dois governos.
O presidente russo também disse que reafirmou a Macron a posição de Moscou sobre a Síria, oposta à da França e que diz respeito ao apoio a Assad, e que o terrorismo não pode ser derrotado por meio da destruição de um Estado.
“É impossível combater a ameaça terrorista desmantelando o Estado de países que já sofrem com problemas e conflitos internos”, disse Putin.
Macron também afirmou que pediu informações sobre as denúncias de tortura contra pessoas homossexuais na Chechênia e cobrou o “respeito a todas as minorias” na Rússia. “Putin prometeu a verdade sobre as atividades das autoridades locais” e informou que já determinou uma “verificação constante” do caso, disse o presidente francês.
Questionado se Macron tinha falado algo sobre uma suposta ingerência russa nas eleições francesas, o líder do Kremlin destacou que “não foi uma questão que nós debatemos”.
“O presidente francês não manifestou nenhum interesse sobre essa questão e eu muito menos”, disse Putin. Macron, que chegou a acusar os russos de tentarem favorecer Marine Le Pen, sua rival, disse que o caso já havia sido resolvido com um telefonema logo após sua eleição. “Quando eu já falei algo, não tenho o hábito de voltar ao que falei”, acrescentou.