O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou, durante reunião com a responsável pela diplomacia europeia, Federica Mogherini, que quer retomar o diálogo com os palestinos, mas que para isso pretende demarcar as fronteiras dos grandes blocos de assentamentos na Cisjordânia para definir o que seria 'anexado' ao território de Israel em um eventual acordo de paz. A reunião entre os dois aconteceu na última quarta-feira (20/05), mas só teve o conteúdo divulgado nesta terça (26/05) pelo jornal Ha'aretz.
A OLP (Organização para a Libertação da Palestina), no entanto, rejeita a proposta, já que considera tais assentamentos uma 'anexação ilegal'. A expansão dos assentamentos também é condenada pela União Europeia.
Reprodução/ Peace Now
Assentamento Bracha, perto da cidade palestina Nablus; ataques de colonos contra palestinos é frequente no local
De acordo com o periódico, Netanyahu explicou a Mogherini que seria preferível conhecer em que partes da Cisjordânia Israel poderia continuar construindo, após reiteradas punições internacionais pela ampliação dos assentamentos. Assim, uma parte dos territórios que Israel obteve a partir da Guerra de 1967 permaneceria sob seu poder, e outra seria deixada sob controle palestino.
O primeiro-ministro israelense disse ainda a Mogherini que segue apoiando uma solução de “dois Estados para dois povos”, em uma tentativa de aplacar os temores surgidos durante a campanha eleitoral passada, na qual afirmou que, sob seu mandato, não se estabeleceria um Estado palestino. O premiê, no entanto, enfrenta os apelos dos Estados Unidos e da UE para voltar a manter negociações com os palestinos e também a ameaça de uma pressão mais forte para conter a construção nos assentamentos, que a maioria dos países considera ilegais.
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De acordo com o site palestino PNN, as questões têm preocupado Netanyahu, principalmente devido aos preparativos, por parte da União Europeia, de sanções contra Israel com a rotulagem nos supermercados europeus de produtos originados de assentamentos. Além disso, o fato de que a França poderá impulsionar uma resolução no Conselho de Segurança da ONU, em setembro, defendendo a criação de um Estado palestino, também é outro fator de atenção para o premiê.
Negociações
A construção de novos assentamentos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental fez com que, em abril de 2014, as negociações de paz entre Israel e Palestina fracassassem. A situação se agravou após o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, ter chegado a um acordo de unidade nacional com o Hamas.
Agência Efe
Intenção do premiê é demarcar assentamentos no território ocupado
As declarações de Netanyahu provocaram críticas palestinas. “Isto é um exercício manipulador de engano político e legal. Todos os assentamentos são ilegais e transgridem a legislação e o consenso internacional. Qualquer esforço de anexá-los ou legalizá-los é uma grosseira tentativa de roubar mais terra palestina e legitimar o sistema continuo israelense de apartheid, roubo de terras e expansão”, disse em comunicado a membro do Comitê Executivo da OLP, Hanan Ashrawi.
Já o dirigente palestino e chefe negociador, Saeb Erekat, disse que, se Netanyahu estiver interessado em retomar o processo político, deve cessar a construção em assentamentos. “Ele deve implementar a quarta fase da libertação de presos palestinos presos antes dos Acordos de Oslo, manter negociações com base nas fronteiras de 1967 e, em um determinado período de tempo, acabar com a ocupação”, afirmou.
*Com agências