O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, encerrou sua viagem de quatro dias à África nesta terça-feira (28/07) com um discurso na sede da União Africana, na Etiópia, fato inédito para um mandatário norte-americano em exercício. No encontro com líderes africanos, ele ressaltou a importância da alternância de poder, tema delicado no continente.
“Ninguém deve ser presidente por toda vida”, declarou Obama. “Francamente, não entendo isto. Estou em meu segundo mandato. Adoro meu trabalho, mas, sob a Constituição, não posso voltar a me candidatar. E acredito que poderia ganhar”, disse.
EFE
Obama também discursou sobre terrorismo e crise humanitária no Sudão do Sul, na capital etíope, Adis Abeba
“Ainda há muito que quero fazer para manter a América avançando. Mas a lei é a lei, e ninguém está acima dela”, destacou, acrescentando que quando um líder pensa que é a única pessoa capaz de manter a nação unida, “isso significa que falhou” em sua tarefa.
Durante pronunciamento, Obama comentou que a perpetuação do cargo conduz a uma situação de “instabilidade e de luta”, exemplificando com casos de países como o Burundi, onde o presidente, Pierre Nkurunziza, se reelegeu para um terceiro mandato, gerando onda de violência e deslocamentos de milhares de civis no país.
Em vez disso, recomenda o norte-americano, líderes africanos deveriam se inspirar no líder antiapartheid e ex-presidente sul africano, Nelson Mandela, que “deixou um legado durável e foi capaz de sair do cargo e transferir o poder de forma pacífica”.
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Terrorismo e Sudão do Sul
Em seu discurso, o mandatário também elogiou a “liderança” da União Africana no combate ao terrorismo no continente e ressaltou que os EUA continuarão apoiando essa luta, com treinamento e apoio logístico, mas descarta o envio de tropas.
Para Obama, grupos extremistas religiosos em atividade na região — como Boko Haram, Al Shabaab e o Estado Islâmico — são “assassinos” que não representam o islamismo pregado pela população.
“O progresso da África também dependerá da segurança e da paz, porque uma parte essencial da dignidade humana é estar a salvo e livre de todo o medo, mas os terroristas continuam atacando civis inocentes”, afirmou. “Milhões de muçulmanos africanos sabem que Islã significa paz”, completou.
Além disso, o líder norte-americano acusou o governo e a oposição do Sudão do Sul de não ter “nenhum interesse” pelo bem-estar de sua população, ao não ter alcançando nem um só acordo de paz após mais de um ano e meio de negociações. Para ele, no país, “a alegria da independência caiu até o desespero pela violência”.
O chefe de Estado dos EUA deixou a Etiópia nesta tarde, após também ter visitado o Quênia, terra natal de seu pai, onde debateu desenvolvimento econômico, acordos comerciais, contraterrorismo e direitos humanos, sobretudo para homossexuais.