A vigência do tratado de livre-comércio (TLC) assinado entre a China e os dez países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) coincide com um acordo similar entre Austrália e Nova Zelândia e o aprofundamento de acordos dentro da própria Asean. Além disso, coloca o sudeste asiático no centro de uma série de tratados comerciais regionais que se estendem de que se estende desde Pequim para Wellington e de Nova Deli para Tóquio.
Entretanto, por trás dos grandes números, existem enormes disparidades no grupo. O poder de aquisição dos quatro países mais ricos foi dez vezes superior ao dos sete restantes no ano passado.
Os analistas acreditam que, em massa, o TLC beneficiará os países com recursos naturais e petróleo que alimentam o insaciável apetite energético chinês, enquanto será um problema para os que precisam competir com as exportações baratas da terceira potência econômica.
“O nível de concorrência é diferente em vários setores”, reconheceu Doan Duy Khuong, vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Vietnã, citado pela agência de notícias chinesa Xinhua.
“A concorrência obrigará às empresas a melhorar e a buscar a qualidade, o que será bom para os consumidores”, acrescentou.
Os críticos, no entanto, assinalam que os acordos mantêm na pobreza os países mais desfavorecidos, parcerias que, em formato bilateral ou regional, se proliferaram nos últimos anos alcançando o recorde de 400, conforme números apresentados pela OMC (Organização Mundial do Comércio).
Países e produtos
Apesar de grandioso, o negócio permanece aquém do verdadeiro comércio livre. O acordo para comércio de mercadorias prevê que cada país o registro de centenas de bens sensíveis, nas quais as tarifas continuarão a ser aplicadas, em muitos casos, pelo menos até 2020.
A partir de hoje, os produtos em negociação vão desde vários tipos de equipamentos eletrônicos, automóveis, peças automotivas e produtos químicos, até itens como pipoca, equipamentos para esqui e papel higiênico.
Os países produtores de têxteis, calçado e aço, como Tailândia, Vietnã, Camboja e Indonésia, sabem que seu setor produtivo é mais vulnerável às exportações chinesas.
A Indonésia, a maior economia do sudeste asiático, está inclusive estudando pedir uma revisão do tratado para os setores que considera mais expostos à avalanche amarela: têxtil, produtos eletrônicos, aço e petroquímicos.
O Vietnã acumulou um déficit comercial com a China de 11 bilhões de dólares em 2008. Como sua produção é baseada em exportações baratas, o país terá de identificar novos nichos de negócio.
No outro extremo, os membros da Asean mais favorecidos são aqueles com pequenos déficits comerciais com a China, como Cingapura, Malásia e Tailândia.
A Malásia espera se beneficiar com o TLC, já que exporta azeite de palma, borracha e gás natural à China, e poderá assim aumentar as exportações agrícolas ao país asiático, da mesma forma que o Vietnã e Camboja, mas que por outro lado não poderão competir com o têxtil chinês.
A Tailândia também pode oferecer bens agrícolas, assim como bebidas, jóias e cosméticos para a crescente demanda chinesa; enquanto Cingapura comemorou os benefícios do TLC.
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