Agência Efe
Em entrevista à rede de TV norte-americana ABC News nesta segunda-feira (09/09), o presidente Barack Obama afirmou que, se Bashar al Assad desistir das armas químicas, um ataque militar dos EUA ficará “absolutamente” em pausa. A declaração seguiu o comunicado feito pelo secretário de Estado John Kerry, que disse que o país desistiria de uma intervenção se o governo sírio entregasse suas armas à comunidade internacional para inspeção e posterior destruição.
“Eu considero isso um desenvolvimento modestamente positivo”, disse Obama, quando questionado sobre a aparente disposição da Síria em entregar as armas químicas, depois de apelo do chanceler russo Serguei Lavrov. “Vamos ver se conseguimos criar uma comunicação que evite um ataque militar mas nos faça atingir nossos objetivos de que as armas químicas não sejam mais utilizadas”, afirmou o presidente dos EUA.
Obama deu uma série de entrevistas a várias redes de TV norte-americanas nesta segunda.
Enfrentando pressão no Senado e na Câmara dos EUA, os quais ainda devem votar sobre uma possível intervenção na Síria, e a rejeição de cerca de 60% da população a um ataque militar, Obama parece estar recuando de sua posição inicial quanto à punição do país de Bashar al Assad pelo suposto uso de armas químicas.
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“Não tenho certeza de que algum dia vamos conseguir uma maioria entre o povo norte-americano, depois de mais de uma década de guerra, depois do que aconteceu no Iraque, para dizer que qualquer ação militar, especialmente no Oriente Médio, faz sentido na ausência de uma ameaça ou ataque direto a nós”, disse o presidente à PBS.
“Se você falar com os meus próprios familiares, ou os da Michelle [Obama, sua esposa], você sabe, eles são muito cautelosos e desconfiados de qualquer ação”, afirmou, dizendo ainda que uma solução diplomática para a Síria seria “esmagadoramente” sua preferência.
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À Fox News, Obama declarou que está aberto a negociações e que vai “perseguir esse canal diplomático”. “Espero sinceramente que isso possa ser resolvido de uma forma não-militar”, acrescentou.
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A despeito do que havia sido dito mais cedo pelo Departamento de Estado norte-americano, que afirmou que a proposta de Kerry era “retórica”, uma vez que os EUA não acreditariam que Assad entregue as armas químicas, Obama afirmou que vai “conversar imediatamente com os russos e buscar sua proposta real”.
Agência Efe
Em Washington, manifestantes protestam contra intervenção na Síria. Cerca de 60% da população se opõe a ação militar
Entretanto, Obama insistiu que os EUA devem “continuar pressionando” Assad. “Não é suficiente só confiar. Nós vamos ter que verificar”, afirmou. Sobre possíveis retaliações da Síria a um ataque norte-americano, o presidente se mostrou tranquilo e disse que “as capacidades militares de Assad não são relevantes quando comparadas às dos EUA”.
Com a oposição a uma intervenção militar na Síria crescendo entre a população civil dos EUA, Obama deve falar aos norte-americanos amanhã (10), para explicar que “isso não é o Iraque, não é o Afeganistão, não é nem mesmo a Líbia”. “Estamos falando de um conjunto muito específico de ataques para degradar as capacidades de suas armas químicas em termos de entrega. E, você sabe, vou continuar a informar o Congresso sobre isso”, concluiu Obama.