O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta sexta-feira (7) que não tem intenções de instalar uma base militar na Colômbia e que o país apenas tenta melhorar os laços de cooperação com a nação sul-americana. Ele ressaltou o compromisso de seu governo para estreitar os laços com a América Latina sem “ditar políticas”, e lamentou não ter “um botão” para reconduzir o presidente hondurenho deposto, Manuel Zelaya, ao poder.
Obama teve um encontro na Casa Branca com representantes de veículos de imprensa de língua espanhola no qual repassou a política dos Estados Unidos com a América Latina e especialmente a situação em Honduras, Colômbia e México.
Obama se esforçou em deixar clara a mudança de política que seu governo conduz na região e, neste contexto, disse considerar irônico que “alguns dos que criticaram a ingerência dos Estados Unidos na América Latina, se queixem agora de que o país não está interferindo o suficiente”.
O presidente insistiu em que a intenção de seu país é forjar alianças na região e não impor sua vontade.
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Colômbia
Perguntado pela Agência Efe sobre a Colômbia, Obama foi enfático ao declarar que seu governo não autorizou e nem tem planos de estabelecer uma base militar nesse país.
“Acho que é um bom momento para derrubar o mito de que estamos estabelecendo bases militares norte-americanas na Colômbia. Essa declaração não se sustenta nos fatos, tanto que somos absolutamente claros ao dizer que temos um acordo de segurança com a Colômbia durante muitos anos e que queremos atualizá-lo”, explicou Obama.
Sem citar nomes – não falou da Venezuela em nenhum momento -, Obama afirmou que “alguns países na região estão tentando desempenhar um papel utilizando a tradicional retórica anti-ianque”.
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Washington e Bogotá negociam um acordo para que os Estados Unidos utilizem sete bases colombianas. Antes, essas operações eram conduzidas a partir da base equatoriana de Manta, cuja concessão não foi renovada pelo presidente Rafael Correa.
Honduras
Sobre a crise em Honduras, Obama foi enfático ao falar que os Estados Unidos querem o restabelecimento do presidente deposto, Manuel Zelaya, para que possa completar seu mandato até janeiro de 2010.
“Porém, não posso apertar um botão e de repente reinstaurar o senhor Zelaya”, disse o presidente ao assegurar que, desde que o golpe de Estado aconteceu, em 28 de junho, os Estados Unidos foram “muito claros” ao expressar que isso era “ilegal”.
Obama reiterou que seu país apoia a mediação do presidente costarriquenho, Óscar Arias, mas quer que o assunto seja discutido em um “contexto internacional” porque os Estados Unidos são “apenas um país entre tantos outros”.
México
Obama também falou sobre a luta contra os cartéis da droga no México, outro foco de tensão na região e um assunto que corresponde aos Estados Unidos, principalmente porque o consumo de drogas e o fluxo ilegal de armas e dinheiro rumo ao sul nutrem o narcotráfico.
A violência ligada ao tráfico de drogas cobrou a vida de mais de dez mil pessoas – quase quatro mil apenas em 2009 – desde que o presidente mexicano, Felipe Calderón, que chegou ao poder em dezembro de 2006, declarou guerra aos traficantes.
Obama vê essa resposta militar como um ato de coragem – para ele, Calderón “está fazendo o certo” -, mas grupos defensores dos direitos humanos, entre eles a Anistia Internacional, querem que o Congresso congele parte da ajuda destinada ao México até que o país demonstre melhoras nesse campo.
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O presidente americano não quis comentar sobre se Calderón deve ou não modificar essa estratégia, mas discordou da ideia de que os abusos aos direitos humanos sejam algo “inevitável” na luta antinarcóticos.
A violência ligada ao tráfico de drogas será um dos temas do encontro bilateral entre Obama e Calderón no próximo domingo, assim como o comércio, a segurança fronteiriça, entre outros assuntos.
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