Efe (23/05)
Mais de cem carros foram incendiados como forma de protesto, que resultou na detenção de 19 pessoas
Os distúrbios que afetaram a periferia de Estocolmo durante seis noites consecutivas se estenderam nesta madrugada para outras localidades fora da capital, mas prossegue em menores proporções, informou neste sábado (25/05) a polícia sueca.
Em Örebro, ao oeste de Estocolmo, confrontos foram registrados entre grupos de mascarados e agentes policiais, assim como um ataque a uma delegacia local e o incêndio de vários carros. Em Linköping, ao sudeste da capital, a polícia informou sobre ataques a uma escola e a uma creche. Desde o início dos protestos, 19 pessoas teriam sido detidas, mais de 100 carros queimados e um policial ferido.
Os serviços de prevenção de incêndios realizaram ao redor de 40 saídas na última noite em bairros como Tensta, Rinkeby, Norsborg, Jordbro e Årsta, menos da metade daqueles que registraram distúrbios nos últimos dois dias.
NULL
NULL
Um grupo de 60 extremistas de extrema-direita percorreu a periferia de Estocolmo e provocou alguns incidentes em Tumba, ao sul da capital. Alguns foram detidos pela polícia de Estocolmo, que ontem recebeu a autorização para dispor de reforços vindos de outras províncias do país.
A onda de distúrbios vivida na capital sueca acontece desde 19 de maio, quando a polícia sueca matou um imigrante de 69 anos com problemas psiquiátricos, retratado pela mídia local como português, na periferia de Estocolmo. O assassinato, cometido na localidade de Husby, onde 85% dos 12 mil habitantes são imigrantes ou filhos de estrangeiros, serviu de gatilho para as demonstrações, movidas principalmente pela crescente crise econômica e desemprego.
Os agentes da polícia asseguraram ter disparado em defesa própria ao serem ameaçados com um machado, embora a atuação irregular das forças da ordem tenha provocado protestos dos moradores e a abertura de uma investigação interna da polícia de Estocolmo.
Os subúrbios afetados pela onda de violência têm em comum uma alta concentração de imigrantes e de problemas sociais, que se viram agravados pela política de cortes de benefícios e de educação implementada há sete anos pelo governo de direita liderado pelo primeiro-ministro conservador Fredrik Reinfeldt. O gap entre ricos e pobres está crescendo mais rápido do que em outros países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e o desemprego salta de 8,2% entre a população total para 16% entre os estrangeiros.
Lar para refugiados do Iraque, Somália, Síria, América Latina e outros países, o fenômeno desse tipo de migração em muitas das áreas palco dos protestos é resultado do sistema sueco de asilo e de uma política mais livre de entrada de estrangeiros. Em 2012, 82 mil não-suecos migraram para o país, dos quais 44 mil buscavam asilo. Cerca de 15% da população sueca de 9,5 milhões nasceu fora.
* Com informações de Efe, Al Jazeera e The Guardian