Sigal Rozen, de 46 anos, é uma das fundadoras da ONG israelense Hotline for Migrant Workers (centro de assistência a trabalhadores estrangeiros, em tradução livre), que já existe há 15 anos. Desde então, ela tem sido uma das mais incansáveis lutadoras pelos direitos dos trabalhadores estrangeiros em Israel.
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Nos últimos anos, Rozen vem dedicando a maior parte de seu tempo ao problema dos refugiados africanos, do Sudão e da Eritreia, que fugiram de seus países de origem onde suas vidas estavam ameaçadas.
Guila Flint/Opera Mundi
Rozen, líder de ONG de direitos humanos, em Tel Aviv: “Israel vem se tornando cada vez um país menos tolerante e mais racista”
Uma mulher de cabelos claros e lisos, baixinha, Rozen circula diariamente com sua bicicleta nas áreas mais pobres de Tel Aviv, onde se concentram os refugiados africanos. Ela é parada a cada cinco minutos por pessoas que a reconhecem na rua, alguns contam seus problemas e outros simplesmente a cumprimentam carinhosamente.
“Trabalho com a questão dos direitos humanos dos trabalhadores estrangeiros em Israel há 15 anos, mas infelizmente nesse período não posso dizer que a situação melhorou”, conta a Opera Mundi. “Sinto uma grande frustração pois, apesar de todo o trabalho que fazemos, ao tentar divulgar as injustiças cometidas e interferir juridicamente junto às autoridades, Israel vem se tornando cada vez um país menos tolerante e mais racista”.
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A ONG foi originalmente criada para defender os direitos de trabalhadores das Filipinas, Tailândia e países da África. Levados a Israel por empresas de recursos humanos, para trabalhar em acompanhamento de idosos, na agricultura e na construção civil, milhares de estrangeiros já tiveram que passar por todos os tipos de injustiças cometidas por seus empregadores. Dentre as dificuldades, falta de pagamento, maus tratos e ameaças de expulsão por irregularidade no visto, mesmo contra aqueles que já têm filhos nascidos em Israel.
Vácuo
Desde que Israel fechou o acesso de palestinos ao mercado de trabalho israelense, criou-se um vácuo em áreas como a construção civil e a agricultura. A solução adotada pelo Estado foi permitir que empresas de recursos humanos importem trabalhadores estrangeiros. A partir de 2007, começou uma grande onda de imigração ilegal de cidadãos africanos, principalmente do Sudão e da Eritreia.
Com um número médio de cerca de mil refugiados entrando a pé por mês, através da fronteira entre Israel e a península egípcia do Sinai, os grupos de direitos humanos que trabalhavam com os direitos dos trabalhadores estrangeiros tiveram que se adaptar à nova realidade – mais dura do que a anterior.
Oren Ziv/Activestills.org
Israelense confronta imigrante africano sem papeis após marcha contra a imigração africana a Israel, realizada em Tel Aviv
Isso porque não se tratava de pessoas que chegavam de avião, trazidas por empresas israelenses para trabalhar em determinados lugares, mas sim imigrantes sem nada, exaustas e esfomeadas e muitas vezes com problemas de saúde após atravessar o deserto.
Tratamento humano
Naquela época, ainda não existia uma cerca de 235 km, que Israel construiu recentemente na fronteira com o Sinai. Com isso, os refugiados africanos entravam no país e se deparavam com militares cuja função era monitorar a fronteira.
Sem saber o que fazer com eles, se instaurou uma norma de que o Exército poderia simplesmente os colocar em ônibus diretamente para a Estação Rodoviária de Tel Aviv. Assim, foi criada uma ampla concentração de refugiados no sul da metrópole israelense, perto da rodoviária.
“Com a cerca que construíram na fronteira, as autoridades israelenses bloquearam quase hermeticamente a entrada de novos refugiados”, diz Rozen, “o que devem fazer agora é tratar de maneira humana aqueles que já estão aqui”. No entanto, continua, “o governo opta por tratá-los de forma desumana, e o problema fica ainda mais grave, pois eles não têm para onde fugir”, conclui.