“Sinto-me profundamente entristecido ao confirmar a trágica morte do meu enviado especial ao Haiti, Hédi Annabi. Seu adjunto, o brasileiro Luiz Carlos da Costa, e o chefe interino da polícia, o canadense Doug Coates, também morreram”. Com estas palavras, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, reconheceu uma realidade que todos os funcionários da instituição temiam desde o terremoto que devastou Porto Príncipe na terça-feira (12).
O corpo do chefe da missão, o tunisiano Annabi, foi encontrado neste sábado (16) por equipes da ONU. Junto com ele se encontrava o diplomata brasileiro, que ocupava o segundo cargo mais importante da ONU no Haiti. Os dois estavam na sede da Minustah (Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti), no Hotel Christopher.
Mensageiro
Casado e pai de duas filhas, Costa era o brasileiro com cargo mais alto na estrutura das Nações Unidas. O diplomata entrou na ONU em 1969 como mensageiro, antes de começar uma longa carreira durante a qual assumiu funções administrativas na sede da organização e em trabalho de campo.
ONU
O brasileiro Luiz Carlos da Costa recebendo soldados da Minustah
Entre outros cargos, Costa foi diretor da Divisão de Apoio Logístico do Departamento de Operações de Paz da ONU, em Nova York. Antes de chegar ao Haiti, ele foi enviado especial adjunto na missão de paz na Libéria.
Cidadão do mundo
O tunisiano Hédi Annabi, que Ban Ki-Moon qualificou de “verdadeiro cidadão do mundo” entrou na ONU em 1981, para já se dedicar a assuntos ligados à operaçoes de paz. Entre 1982 e 1991, trabalhou no Camboja, onde ele serviu em 1992 quando foi instalada a Autoridade Transitória das Nações Unidas no Camboja (UNTAC).
Efe/David Fernández
O chefe da Minustah, Hédi Annabi
Antes de chegar ao Haiti, Annabi exercia a função de Secretário-Geral Assistente para as Operações de Paz, posto que ocupou entre janeiro de 1997 e julho de 2007.
O governo brasileiro manifestou sua “profunda consternação” pela morte de Annabi e a de Costa. “Luiz Carlos da Costa, que tinha 60 anos, dedicou sua vida à
causa da paz, aliando sólida experiência diplomática à sensibilidade
necessária para lidar com os desafios típicos das situações de
conflito”, lamentou o Itamaraty em comunicado.
Costa é o segundo diplomata brasileiro de alto escalão que
morre a serviço das Nações Unidas. Em agosto de 2003 o enviado
especial da ONU ao Iraque, Sérgio Vieira de Mello, morreu em um
atentado terrorista contra a sede da organização em Bagdá.
Trezentos desaparecidos
Ban Ki-moon, chegará neste domingo ao Haiti para avaliar in situ as necessidades de assistência humanitária no país e reunir-se com os funcionários do organismo que trabalham em solo haitiano.
Há cerca de 300 funcionários da ONU que continuam desaparecidos, entre eles 72 do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
A instituição solicitou à comunidade internacional 560 milhões de dólares em ajuda para as milhões de pessoas afetadas pelo forte terremoto.
O Pnud informou ontem que, dessa quantia, precisava de 35,6 milhões de dólares para começar imediatamente a remover escombros e recuperar a infraestrutura social essencial, como a reparação das ruas e do sistema elétrico, o que facilitará a chegada da ajuda.
Segundo a agência da ONU, as equipes no terreno constataram que 10% dos edifícios de Porto Príncipe estão destruídos e 300 mil pessoas ficaram sem casa.
O Pnud acrescentou que, com a reconstrução do país, “a tensão social nas comunidades afetadas se reduzirá. O objetivo é criar 220 mil trabalhos temporários que beneficiarão aproximadamente 1,05 milhão de pessoas”.
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